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Sessão de 6 e 7 de Janesro de 1620

rações dum grande homem. O quo sei é que S. Ex.a foi para o Sr. Sá Cardoso a água maravilhosa que dá a juventude e as ideas. Por que agora o Sr. Presidente do Ministério confessa já — quem o diria? — ter planos... e ideas.

De facto, respondendo ao Sr. Ramada Curto, ine;i ilustre colega, quando 6stc disse que lá fora há grandes estadistas, como Leoyd George, Clcmaneeau e Nitti, cmquanto nós estamos reduzidos ao Sr. Sá Cardoso. S. Ex.a disse que, não se lhes querendo comparar a estes grandes homens, em todo o caso, fazia notar que eles estiveram longos meses a incubar planos, antos de resolverem dar à luz as suas geniais concepções de estadistas.

Sem nós o sabermos, estava, pois, grávido o Sr. Presidente do Ministério. E, como quer que obcaso não seja para tristezas, eai o Sr. Presidente permitir-me que eu lembre a anedota pnblicada, já há anos, no jornal A Luta, sob o titulo «Ao de Levo».

Era o caso que uma senhora que tinha duas fillias, uma casada e outra solteira, se lamentava de não ter um neto. Aeon-solharam-na a que fosse a Lourdes pedir à Virgem que era favor dos seus desejos intercedesse. A criatura para lá partiu, tendo-se demorado em viagem cerca de novo messs. "Quando voltou veio encontrar a filha solteira já com um filho. Explicava elí^ entEo o precalço: j «Esqueci-me de dizer à Virgem qual das filhas me deveria dar o neto!»

E o caso de agora, tem uni perfeito paralelo com a anedota de A Luta. Porque, devendo, por milagre e iníerccssã do Sr. Nunes Loureiro estar grávido o Sr. Sá Cardoso, parece que é o Sr. António Maria da Silva quo se encarrega de dar à luz, visto que é o único que de altas con-geminOncias conseguia sacar grandes planos.

O Governo anterior, Sr. Presidente, era um Governo euriosíssimo. Recordo-me do que o Sr. Sá Cardoso, quo faz às vezes afirmações capuzes do espantar cliacun et só,L pí're} voio um dia aqui afirmar que estava farto do saber que havia assam-barcadoros, mas que o Parlamento' lhe nuo dava armas para os combater.

Xurn esforço, a que dei o inflhor da minha colaboração, tratámos do lhe fornecer uma lei contra os assambarcadores;

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mas parece que estes mudaram de residência e S. Ex.a perdeu-lhe a pista.. .

O Sr. Sá Cardoso encontrou apenas um — o patife! — que tinha em casa 140 quilogramas do açúcar. Mas os outros — os outros! — i j por onde andarão eles?! ^V. Ex.a sabe dolos, Sr. Presidente do Ministério?...

As vozes o Sr. Presidente do Ministério batia o pó, zangado, e dizia que este Parlamento não trabalhava.

S. Ex.a tinha duas ou três medidas fundamentais, quo eram o problema da navegação, os altos comissários e o jogo, mas não havia meio de o Parlamento íhe dar a sua colaboração.

Vejamos, por exemplo, o problema da navegação.

O Sr. Velhinho-Correia, que por felicidade é membro da maioria, senão estava votado às feras, diz ao seu magistral relatório sobro o assunto quo esta proposta ó a cousa mais ruinosa para o Estado que tem sido apresentada ao Parlamento.

Os banqueiros apresentaram no dia l o CKSO ao GovGruo, e o Sr. Ministro levou a proposta ao Parlamento no dia 3, quando não podia haver mente humana, alto espírito, mesmo às musas dado, que fosse capaz de analisar e abranger uni problema, de tam alta importância, em três dias apenas. Mas os Ministros eram omnipotentes e omniscientes, e, por isso, cá trouxerar a proposta a esta casa.

Disse o Sr. Presidente do Ministério: «Não há suspensões possíveis sobre a honorabilidade dos Ministros».

(jMas quem as põe?

Disseram os Ministros que a questão era aberta. £ jMas como podia deixar de ser assim? Pois é preciso quo um membro da maioria venha íuzer a prova mais formidável que eu tenho visto da incom-petOncia de um Ministro, para o Governo declarar, pela boca do Sr. Sá Cardoso, que se alheia dít questão?!

^ Mas o ficar de pé, virginal e intacta, a honra dos Ministros, impede, por acaso, que ôlos tenham dado unia tremenda prova, do incompetência?