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.como Pilatos, deixar-lhe hemos a responsabilidade das desgraças que, por acaso, venham a cair «obre esta pobre terra portuguesa.

Não, Sr. Ministro das Finanças. Se lhe damos, como patriotas, a nossa colaboração, e V. Ex.a faz muito bem em confiar nela, quando os destinos da Pátria estejam em perigo, não estamos1 contudo aqui para resolver crises dum partido. Porque quando aos esperávamos que, em notas oficiosas, se dissesse que o chefe de Estado procurara resolver a crisfe ministerial, ouvindo esta e aquela entidade, a única cousa que nos vem afrmar é que um Directório — o do Partido Democrático— se reuniu: são os Srs. Nunes Loureiro, João Luís Eicardo, António Maria da Silva e Álvaro de Castro, que se conchavam para solucionar a crise no segredo dos gabinetes. E esta é, pouco mais ou menos, a plêiade de homens que têm, desde Monsanto, solucionado todas as crises ministeriais em Portugal. (Apoiados}.

Isto uno pode ser, sobretudo pela inconsciência que, a respeito dos problemas nacionais, revive nesse ambiente do servidores.

jNós que nos vemos diante dum déficit estupendo do Orçamento e da balança económica, nós que não sabemos como se hão-de criar receitas, como sé há-de chegar ao equilíbrio do nosso intercâmbio de ouro com o estrangeiro, nós que vemos todas esías dificuldades, que vemos os câmbios baixarem assustadoramente, verificamos que os detentores da governança apenas nos dão, para a nossa ânsia de solução positiva, palavras, palavras, sempre palavras.

Observamos que um partido tem a audácia—não é outra cousa — de se conservar em sessão permanente no poder e dar, como única razão justificativa do caso que tem uma maioria, grudada com. argamassa da cimento, cal e areia, maioria que é capaz de apoiar até, seguindo os exemplos clássicos do Sr. João Luís Eicardo, um Governo niesmo que esteja morto.

Deixe-me a Câmara justificar a razão do-meu dito, embora este possa parecer estranho àqueles que nlo conheçam o facto que vou narrar:

.Um dia tomava posse do lagar- de Mi- í

Diârio da Câmara dos Deputados

nistro do Comércio o meu querido amigo, Sr. Júlio Martins. Compareceu como representante do directório do Partido Ke-publicáno Português o Sr. João Luís Ki-cardo; foi então que da sua boca saíram palavras que espantaram a assistência.

Disse S. Ex.a: o Governo está morto, o que não impede que o Partido Kepu-blicano Português lhe dó todo o apoio. Ficámos, pois, .habilitados a supor que S. Ex.as seriam capazes de apoiar até um Governo de múmias que do Egipto fossem trasladadas para aquelas cadeiras.

Sr. Presidente: notei eu, desde que entrei $neste Parlamento, até esta hora, na atitude do Sr. Sá Cardoso uma sucessão infinita de variedades: invarietabe delectatio. Quando aqui entrei, encontrei S. Ex.a numa fase de tristeza o de desânimo : fazia então— segundo as suas pró-' prias palavras — ao país o enorme sacrifício de se conservar nas cadeiras do poder.

Um dia, como o Sr. Brito Camacho dissesse à bo-a paz, ao Sr. Presidente uu Ministério, que o melhor era ir-se embora, S. Ex.a, assim bruscamente interpelado, respondeu em termos que agora mo acodem, à memória: o dia em que puder sair por aquela porta será o dia mais feliz da minha vida.

Surge o pretexto. Três Ministros qae-rem sair à força. Tinha surgido o provi-videncial acaso que poderia realizar os sonhos de ouro do Sr, Presidente do Ministério. S. Ex.a decerto sairia — ficamos todos nós pensando—por aquela porta fora, contente, feliz, alegre como um pardal.

Mas não, de repente vôm, com as férias, as combinações do Partido Democrático: no caldeirão do directório começam os preparos para uma nova combinação Sá Cardoso e o cozinhado ultimou-se sem grandes protestos cio iníeliz Presidente à força..E S. Ex.a conseguiu comboiar ainda os mais ilustres dos seus cor religionários.

Disse-me nm ilustre membro da,maioria, explicando a entrada- do Sr. Álvaro de Castro no Ministério, que S. Ex.a, coitado, se tinha visto entalado entre a escopeta do Sr. António Maria da Silva e a parede do Sr. João Luís Ricardo.