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Sesscio de 6 e? de Janeiro de 1620

O Sr. Brito Camacho:—No final do breve discurso em que respondeu às minhas considerações, o Sr. Presidente do Ministério profundamente magoado com algumas palavras que eu lhe dirigira e sobretudo magoado com intenções que supôs eu lhe atribuíra, fez um apelo às nossas velhas e nunca interrompidas relações de amizade e à minha lialdade de parlamentar, para que eu não desistisse do uso da palavra, porquanto isso seria tomado por S- Ex.a como ama desconsideração pessoal.

.O que eu disse foi. porém, inspirado no muito zelo que eu tenho pelo prestígio do Parlamento e as declarações que eu fiz justificando a minha censura ao procedimento do Ministério não sofrem nenhuma espécie de rectificação. De resto, S. Ex,a concordou em que ôsse procedimento não fora aquele que deveria ter sido, e tanto assim que à Câmara apresentou as suas desculpas.

Sc en afirmei que o procedimento do Governo tinha sido inconsiderado e talvez propositado, foi porque nem a Mesa fipra informada do que o Governo não podia assistir ao começo da sessão, nem o Sr. Presidente do Ministério, entrando nesta sala, se dera pressa em justificar a sua extrauha conduta. Não disse que tinha havido propósito, mas queC-sses dois factos podiam levar a presumir que tinha havido cU parte do Governo o propósito de manifestar a sua menos consideração pelo Parlamento.

Sr. Presidente, sou obrigado a dizrer q.ue na altura em que tive a palavra, estavam poucos deputados na sala, e esses poucos não eram positivamente da maioria. Se não fosse 'o meu desejo de não contribuir de forma alguma para a má reputação que já tem o Parlamento e. sobretudo, se não fosso um sentimento de estima pessoal pelo Sr. Presidente do Ministério, eu faria aquilo que estava naturalmente indicado a um Deputado da oposição : era de provocar uma votação, e fazer com que a sessão fosse encerrada.

Ora se eu não tive, por motivo de consideração pessoal, ôste procedimento, manifesta monte o Sr. Presidente do Ministério não podia atribuir-me voluntários propósitos do por qualquer forma o querer desconsiderar pessoalmente.

{^Efeitos políticos!?

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Manifestamente. Eu não estou aqui senão como político.

Não sei ser, aqui, outra cousa.

No dia em que eu não saiba ser, aqui, político vou-me embora.

Manifestamente que tive intentos políticos. Até os tive na atitude que tomei de impedir pelo menos com a minha cumplicidade, se inutilize mais um homem da República. E aproveitando este ensejo, eu digo que desejava ver S. Ex,a pedir a demissão em vez duma recomposição.

Não queria ver inutilizado um homem que ainda considero útil à República, se bem que o seu Governo tenha dado provas de incompetência,

Não queria ver S. Ex.a inutilizado banalmente.

Sr. Presidente, a utilidade do gabinete e da política do Sr. Sá Cardoso passou, e embora seja doloroso para S. Ex.a convencer-se disso, os factos lho darão a inteira demonstração.

Depois de feito um manifesto por parte do Directório do Partido Republicano Português, uo qual, em plena ditadura dezembrista, se afirmavam princípios que nós, que não somos democráticos, acoitávamos; em que se definia uína orientação que nós tinhamos, nós. que não somos democráticos, • manifesto que faz honra a quem o elaborou e lançou, era indispensável, para que o Partido Democrático subsistisse, que ele, assumindo o Govôr-no, mostrasse que não ora apenas partidário de troculéncias, cie perseguições. Essa foi a função desempenhada pelo Ministério, do' Sr. Sá Cardoso.