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Sessão de € e 7 de Janeiro de 1920

O Sr. Presidente do Ministério (Sá Cardoso) : — Não foram propriamente as palavras que de princípio foram proferidas pelo Sr. Dr. Brito Camacho, o que mais me maguou, mas sim o seu silêncio.

Teve porôm S. Ex.a a gentileza de usar da palavra para corresponder ao meu pedido.

Agradeço, portanto a atenção de S. Ex.a e o facto passou como não tivesse sucedido.

O Sr. Cunha Liai (sôbre.a ordem}:—Sr. Presidente: vive este Parlamento debaixo dnma pressão provocada pelos jornais de Lisboa, que é única na história de todos os tempos.

O Sr. Presidente:—Sr» Deputado Cunha Liai: tendo eu dado a palavra a V. Ex.a sobre a ordem, nos termos do Regimento, tem V. Ex.a que começar por ler a sua moção.

Vozes :— {Pode lê-la no fim!

O Orador:—Posso ler e mandar"a moção no fim do meu discurso.

De resto, V. Ex.a deu a palavra ao Sr. Brito Camacho sobre a ordem e S. Ex.a nem sequer enviou uma moção para a Mesa.

Eu pretendo que mo reconheçam os mesmos direitos que tom qualquer outro tSr. Deputado, seja ele quem for. (Apoia-'dos).

O Sr. Presidente: — Efectivamente, eu dei a palavra ao Sr. Brito Camacho sobre a ordem, mas S. Ex.a declarou-me que não tinha pedido a palavra sobre a ordem.

O Sr. Estêvão Pimentel:—4Então, S. fàx.a preteriu a inscripção para o debate !?

O Sr. Presidente:—Não preteriu ninguém, porque não estava ninguém inscrito antes de S. Ex.a

O Orador: — Parece-me que eu estava Inscrito antes de S. Ex.a; mas o caso não merece discussão, e eu passo a ler a mi-moção.

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Vive-se, dizia eu, debaixo duma pressão enorme.

Os jornais pretendem*sistemáticamente criar uma atmosfera hostil ao Parlamento.

Ainda a propósito da apresentação do segundo gabinete do Sr. Sá Cardoso, eles lamentavam que toda urna sessão tivesse sido tomada com discursos sobre o caso.

Ora eu pregunto à consciência de todos os que me escutam, se a culpa de que o caso se tenha arrastado é nossa, ou se isso não deriva exclusivamente das demasiadas susceptibilidades do Governo e da maioria, que constantemente íazem prolongar as discussões com pontos do honra, encaixados no decorrer dos debates, sem tom, nom som, e com perigrinas teorias que nenhuma oposição consciente pode deixai sem reparos.

Realmente é estranha a tese que, a propósito de tudo, ouço desenvolver ao Partido Democrático.

Ainda agora o Sr. António Maria da Silva, do seu lugar de Ministro das Finanças, dizia que desejava a colaboração de todos os lados da Câmara. E que o Partido Democrático deseja a colaboração de todos, contanto que elo se conserve perpetuamente no poder. (Apoiados). Mas •querer, por exemplo, que se constitua um Govôrno de concentração republicana, porque a época ainda é mais grave do que a dos famosos tempos da União Sagrada, isso já não convêm aos democráticos.

j Parece que Cies querem demonstrar que razão têm os que afirmam que Portugal é hoje um alto comissariado, cujo comissário reside em Paris, o Sr. Afonso Costa! (Apoiados).

Nós daremos, Sr. Presidente, toda a colaboração ao Governo na discussão de medidas que, porventura, interessem ao país, embora não concordemos com a constituição dêsso Governo. Contudo é preciso frisar ôste ponto capital: o Partido Democrático diz que tem um Governo capaz de governar e uma maioria sólida e firme: j pois então que conte só com as suas forças, que governe sozinho! (Apoiados).