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Setíão de 6 e 7 de Janeiro de 1(*20

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ocasião de apreciar se o f-íovGrno trabalha ou não. Tenho dito.

O Sr. Ministro das Finanças (António Maria da Silva):—Sr. Presidente: antes de encetar as considerações que me levaram a pedir a palavra, deixe-me V. Ex.a saudar, na sua alta e relevante figura todos os parlamentares desta Câmara.

Os que me escutam, Sr. Presidente, sabem bem que só por espírito de sacrifício, só T)or profunda abnegação, derivada do meu grande amor à República, me trouxeram a esto lugar, que. com certeza, não apetece a ninguém.

Sr. Presidente: disse o Sr. Presidente do Ministério que a situação financeira do nosso pais ora difícil.

Eu não preciso justificar as suas palavras, o só direi que essa situação não é só difícil, é extremamente difícil; (Apoiados) ela ó absolutamente melindrosa, e só por um grande esforço de todos nós, Parlamento e Governo, é que se pode salvar o País do abismo para que ele caminha.

Sr. Presidente: a hora atribulada em que eu me encontro pela quarta vez no Governo, fazendo parte agora do Ministério presidido polo meu ilustre correligionário Sr. Sá Cardoso, impõe-me, é certo, um cuidado extremo, mas eu não esqueço, neste momento singular da minha vida, os meus deveres.

Se um só momento que eu aqui me encontrasse, me desse o convencimento de que nenhum serviço eu podia prestar ao meu País, eu era absolutamente criminoso se me mantivesse um minuto mais neste lugar. (Apoiados).

E se aceitei este cargo, é porque a ocasião é daquelas que pedem a colaboração de todos; e eu não posso supor, sequer, que qualquer das pessoas que me escutam, seja meu correligionário, seja meu antagonista político, tenha o pensamento, porventura de se esquivar aos serviços que a Nação tem o direito de exigir a todos nós. (Ajjoiados).

j Realmente, há momentos em que somos todos correligionários!

Uá momentos cm que um Ministro da República tem o direito, no Parlamento, do pedir ao seu maior inimigo pessoal — e eu creio que os não tonho desta casa,— a sua colaboração, o seu sacrifício!

A situação, todavia, :ião é desespf-rr.-da, e apraz-me comunicá-lo.

Mas seria também um momento de alegria singular, ôsse par;;, nós, porque se tinha conseguido salvar a República.

O mesmo apelo à união de todos eu faço neste momento; o dá-me esse direito, os serviços que tenho prestado à República, e as palavras de cumprimento que jamais poderei esquecer, proferidas pelo meu querido amigo Sr. António Granjo, leader do Partido Republicano Liberal, o proferidas ainda por um querido amigo meu e ilustre correligionário, com cuja colaboração posso contar.

Terei um grande prazer quo essas palavras de cumprimento, proferidas por c > tes três homens públicos e pelo ineu querido amigo Sr. João Gonçalves, tenham uma significação mais solemne que a de simples cumprimento, lançando-nos todos nessa obra rcdemptora da restauração financeira.

Disse o Sr. Presidente do Ministério, quo o Ministro das Finanças havia de comprimir as despesas públicas.

Assim é necessário, assim se faz em. todas as outras nações, muito inais ricas do que a nossa.

Somos pobres, mas ainda temos muitas riquezas, muitas faculdades que devemos aproveitar até ao mais pequeno pormenor, para que se não escape um ceitil.

Como indica a Constituição, no dia lõ do corrente hei-de apresentar o Orçamento, mas a Câmara compreende muito bem que nesse dia não posso já trazer à Câmara um Orçamento rectificado, porque não tenho ainda todos os elementos necessários para fazer um estudo consciencioso, visto não querer'fazer obra de fancaria.

Tomo desde já, porém, o compromisso de apoz o dia°15 de Janeiro, no mais curto espaço de tempo, trazer propostas tendentes a diminuir as desposas.

Ilá ministérios onde invariavelmente 10-roi de propor cortes grandes, e V. Ex.a terão que os aprovar, sondo para mim uma grande satisfação se V. Ex.as conseguirem maiores cortes.

Não há maneira de resolver o problema económico e financeiro, senão administrando bem, senão fazendo economias.

Essa obra tem de se fazer.