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Quando em 8 do mês passado apresentei um projecto de lei adiando a encorpo-ração de recrutas, fizeram-se os maiores comentários e houve alguém que cómica-mente me chamou anti-militarista. Não me incomoda tal expressão. O meu único objectivo é quo se tome de vez uma certa e determinada orientação.

Quando o Governo que ocupa agora o poder apresentou a sua declaração ministerial não usei da palavra para não arrastar mais a discussão, mas prometi a mini próprio que, na devida oportunidade, manifestaria o meu profundo desgosto por ver só palavras vãs e não opiniões firmes e decididas.

j É preciso que p.enseraos a sério 110 organismo militar, porque é ele que tira ao Tesouro o melhor dos seus rendimentos! jL preciso que quem dirige os negócios da Nação apresente ideas concretas e perfeitas sobre o aproveitamento dos dinhei-ros públicos.

Não compreendo por isso muito bem para que se vão admitir mais aspirantes de marinha, pois não vejo que a nossa esquadra se. tivesse desenvolvido.

Além disso já no exército alguma cousa se tentou fazer. O Sr. Ministro da Guerra declarou aqui que, como medida de ocasião, tinha resolvido limitar a frequência na Escola de Guerra para que, durante quatro anos, pelo menos, não haja necessidade de fazer promoções, como nesta corrida vertiginosa em que temos ido. Eu entendo que também o Sr. Ministro da Marinha tem agora uma oportunidade de nos fazer as suas declarações e do nos elucidar do que pensa sobre o que deve ser o organismo da armada, dizendo-nos se as propostas apresentadas nesta Câmara estão de harmonia com o plano que possivelmente S. Ex.a tenha. E assim ouvidas elas, e de harmonia com o plano que porventura S. Ex.a nos vai dar a conhecer, eu compreenderei a necessidade de dar o meu voto favorável à proposta.

Tenho dito.

O Sr. Ministro da Marinha (Celestino de Almeida): — Sr. Presidente: pedi a palavra para dizer a V. Ex.a e à Câmara, e muito especialmente ao Deputado que me precedeu no uso da palavra, que os motivos especiais que levaram o meu ilustre antecessor a apresentar esta pro-

Diârio da Câmara dos Deputados

posta do lei ao Parlamento estão nela cia- ' ramente expressos.

lia necessidade de oficiais, subalternos para os serviços da marinha. Os mais indispensáveis ali faltam, e faltam por motivo de, nos quatro anos de guerra, a Escola Naval não ter visto afluir a si os concorrentes necessários para as necessidades de serviço da marinha, e até, se não estou em erro, durante dois anos não ter havido frequência na mesma Escola. Portanto vê S. Ex.a que só por força das circunstâncias, e não por uni propósito firme da armada, já sucedeu na Escola Naval um pouco do quo vai suceder na Escola de Guerra.

Devo mais dizer a S. Ex.a, em resposta à pregunta que me fez de quais são os meus propósitos na administração da minha pasta, que não tenho dúvida alguma, em duas palavras, de dizer a S. Ex.a quais foram os principais motivos porque eu, civil, aceitei a honra de gerir a pasta da marinha, e quais serão os meus intuitos emquanto aqui estiver.

Primeiro que tudo, emquanto eu estiver na pasta da marinha, farei a diligência por administrar, e zelosamente, o que, de resto, é uma. cousa necessária em to dos os Ministérios. (Apoiados).

Direi depois a S. Ex.a o seguinte: em tempos, injustamente e por unia das naturais emergências da política, que não pelos meus merecimentos, tive a honra de estar também à frente dos negócios da marinha durante onze meses. Emquanto lá estive procurei que as equipagens tivessem a instrução precisa, e procurei também, quanto me foi possível, fazer com que o material da nossa marinha de guerra fosse aquilo que devia ser, em harmonia com os nossos recursos. Hoje os recursos de que pode dispor o País são mais limitados ainda do que então, mas nem por isso descurarei a instrução das equipagens e, quanto ao material, também procurarei melhorá-lo.

O Sr. Plínio Silva:— V. Ex.a dá-me licença?