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Seêtão de 3 de Fevereiro de 1&20

O Orador : — Tenho encontrado na minha torra estadistas que surgem como cogumelos, com faculdades enormes de legislar, mas aumentando sempre as des-• pesas públicas.

Mas os estadistas não são aqueles que regam o solo com uma porção de dinheiro e só desinteressam da siia aplicação. Eu entendo quo se têm de lazer muitas despesas, mas temos de as fazer naquelas obras úteis e que-.não "carecem que todo o material venha do estrangeiro.

Por exemplo, as obras de irrigação podem ser feitas sem o dreno do ouro, e devo, em resposta ao Sr. Cunha Liai, dizer que os homens públicos, para conquistar a opinião do povo, para realizar essas obras de fomento, têm primeiro de demonstrar íts suas qualidades de administradores.

E necessário comprimir as despesas e começar a construção do edifício da 1uo-ralidade na administração pública, para se dar o convencimento do sacrifício a todos os portugueses, sendo a minha opinião de que o empréstimo interno deve ser feito única e exclusivamente para diminuir a circulação fiduciária e para obras de fomento.

De resto, para se realizar o empréstimo em boas condições, sem unia grande taxa de amortização, necessário se torna levar o convencimento ao espírito de todos os portugueses, e qiie se vá buscar à tributação tudo q que ela deve dar. Precisamos conseguir o equilíbrio orçamental, e podemos cortar muitas dezenas de njilhares de contos seni tremor, sem complicar serviços.

Em 1914-1915 o orçaineuto da guerra não chegava a 11:000 contos, 6 ern 1920-—1921 essa verba eleva-se a cerca de 50:000 contos, sendo a minha opinião de que esta verba aittda não está bem calculada. Parece que é feita por criaturas que mio conhecem os três capítulos sobre (jue a lei da contabilidade pública assenta; parece conhecerem pouco a mecânica da administração pública, mecânica que os homens públicos não podem desconhecer. Desconhecer essa mecânica é contribuir para a desordem na admi«istra-x*ão.

O que ó absolutamente exacto ó quo vimos ac[ui confrangidos a votar duodécimos. fíMas votam-se duodécimos do ano

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anterior como sempre se fez, mesmo an tes da República? Não. Votamos duodécimos dum orçamento apresentado às Câmaras, sem exame de qualidade alguma.

O Sr. António Granjo: —Parece o discurso dum Deputado da oposição.

O Orador:—É o discurso dum homem que tem responsabilidades e que rião que-re continuar nesta degringolade. E preciso arrepiar caminho. É necessário que que todos tenham a compreensão .nítida das suas responsabilidades. E necessário gastar o dinheiro em cousas mais proveitosas do que se tem gasto até aqui, co-ruoj por exemplo, tratar da questão das subsistências, barateando-as.

^E sabem V. Ex»as porque não se tem conseguido isso?

Porque houve Governos que anarquiza-ram alguns serviços públicos, deixando que eles se indisciplinassem.

Dizem por ftí já algumas criaturas que o Parlamento não tem autoridade para recusar o seu voto ao aumento de 20:000 contos para o funcionalismo público, porque a Câmara votou para si uma verba enorme, votando-a também para .os Srs. Ministros.

Trocam-se apartes.

O Orador:—Estou convencido de que

0 ilustre Ministro das Finanças há-de aqui adoptar a boa doutrina, fazendo imediatamente apresentai* nos seus lugares todos aqueles funcionários que andam nessas comissões rendosas, o que não se ajustam à situação.

O Sr. Ministro das Finanças (António Fonseca): — Se a Câmara aprovasse a proposta de lei muito só remediava.

O Sr. Cunha Liai (Í7iterrompendo): — As palavras do Sr. Ministro das Finanças já não nos tranquilizam, por urna razão : ato o dia 31 de Julho pagou-se à Delegação da Conferência da Paz pelas verbas inerentes ao estado de guerra; de