O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

20

Diário da Câmara dos Dtpuíadot

O Orador: — Seja como for, nós temos de votar, e, suponho que não haverá voto discordante, a lei travão.

Deixe-me ainda S. Ex.a dizer algumas palavras que até certo ponto me comprometem um pouco. A dentro do funcionalismo público desejarei que .não haja castas.

Mudaram-se os títulos aos empregos, para só lhes aumentar os vencimentos.

Procedeu-se na administração pública, sem respeito pelas leis de contabilidade.

Um funcionário técnico pode ser transferido sem inconveniente de um serviço público para outro.

O meu amigo que presidiu há pouco ao Ministério de que fiz parte, chamou um dia um director geral, preguntando-lhe se os funcionários da sua direcção geral eram muitos, ele respondeu que mesmo qne mandasse redigir um ofício por cada um, eram mais do que os ofícios.

Isto prova à saciedade que mais de 50 por' cento dos funcionários chegam para as necessidades ua administração.

Comtudo muitos' funcionários lutam com dificuldades p.ira satisfazer os encargos da sua vida.

Tenho sobrada autoridade para falar assim.

Diz-se que os funcionários dos correios e telégrafos são os mais bem pagos. .

Não é verdade, porquanto, tendo um curso especial, quando chegam a primeiros oficiais ganham menos 600?? do que qualquer primeiro oficial noutro serviço.

Numa emergência difícil, como a que atravessamos, temos de cortar tudo que represente escândalo nos negócios públicos.

Temos de cortar em todos os serviços que não sejam inadiáveis,' ou que se possam extinguir.

O nosso país está arruinado mas faz figura de rico.

Ainda hoje li num jornal que nos bairros sociais se gastaram já 4.000 contos, sem se saber em quê.

Ora quando não temos que comer, não nos ' parece que um simulacro de bairro social possa resolver o nosso problema.

Seria criminoso deixar passar em julgado estes factos, sem lhes fazer os devidos reparos. ; j Não pode ser!

E embora nos convençamos de que os

interessados podem • criar força bastante para nos dificultar a marcha, tenha V. Ex.a e tenha a Câmara a certeza de que se há-dô formar uma forte corrente de opinião, que há-de exigir que os homens não sejam extremamente fracos quando se trata da administração daquilo que não é só deles, mas sim de toda a Nação.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Nuno Simões (para um requerimento):— Sr. Presidente: requeiro a V. Ex.a que consulte a Câmara sobre se autoriza que 'a sessão seja prorrogada até se votar na generalidade a proposta do Sr. Ministro das Finanças.

É aprovado.

O Sr. Brito Camacho:—Requeiro a contraprova e invoco o § 2.° do artigo 116.° do Regimento. (

Procede-se à contraprova.

O Sr. Presidente:—Estão de pé .6 Srs. Deputados e sentados ôô.

Está pois aprovado o requerimento do Sr. Nuno Simõ"es.

O Sr. Júlio Martins:—!Sr. Presidente: muito embora, por sistema, tenhamos sempre votado contra as urgências e dispensas do Regimento, no emtanto, atendendo às cousideraçues que à Câmara veio fazer o Sr. Ministro das Finanças, deste lado da Câmara nenhum ob'stáculo levantamos a que fosse concedida a urgência e dispensa do Regimento para a discussão das propostas apresentadas pelo Sr. Ministro das Finanças.

S. Ex.a teve mesmo a gentileza de vir perante mim, COMO representante do Grupo Popular, expor duma maneira geral os SQUS pontos de vista e quais as propostas que entendia deverem ser votadas com urgência e dispensa do Regimento.

A Câmara aprovou e nesta altura da sessão discute-se uma proposta à& lei cia autoria do Sr. António Maria da Silva, quando acidentalmente passou pelas ca* deiras do Governo, proposta com que, parece-me, o Sr. Ministro das Finanças concordou inteiramente.