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da Câmara dos Deputado»

completa anestesia política em que o pai se encontra, receio que ôle só tome cons-ciôncia da gravidade da situação quando tiver de levar as mãos à cabeça, já não para se salvar, mas para ir para o fundo. E então serão inúteis não só todos os paliativos, mas também aqueles heróicos remédios que produziriam bons resultados se fossem empregados na oportunidade.

E precisamente o momento, em que nos encontramos.

Não há dúvida que n&o podemos pensar sequer em realizar o equilíbrio do orçamento, quando o déficit é de 115:000 contos confessados, porque estou convencido de que o Sr. Ministro das Finanças, quando o tiver trabalhado — e não o pou-de fazer, como uma coisa sua — quando o tiver rectificado, ao estar já na posse de informações que até agora não pôde colher, o déficit não será apenas de 115:000, ou de 200:000 contos, mas de 500:OUÕ contos.

Pregunto: se há muito que confiar na virtude das economias, para reduzir de forma sensível nm déficit que tem estas proporções agigantadas? Não. Isto não quer dizer que as economias não devam fazer-se, mas do que não-há dúvida é que se não podem suprimir verbas consideráveis.

Mas se fizermos economias, não chegaremos a realizar receitas, o que ainda é mais difícil talvez do que as economias e, no ponto restrito de que se trata, não se afecta senão uma parasitagem que não tem grande importância.

Emquanto que o aumento de receitas que se vai votar, afecta todas as forças produtoras e exactamente quem menos afecta são os que nada produzem, isto é, o parasitismo burocrata e os que lá fora espreitam os lugares da burocracia.

Não há dúvida de que ò Sr. Ministro das Finanças tem razão quando diz que ainda tomos recursos de várias ordens, recursos que não foram suficientemente aproveitados.

Em relação a alguns, nenhum aproveitamento se tem ainda feito, mas penso V. Ex.a que nos encontramos tam mal apetrechados para as dificuldades da paz, eomo nos encontrávamos mal apetrechados para a guerra,. E assim eu receio que a paz seja para nós um desastre, pelo ,

menos igual, ao que foi o desastre da guerra.

E certo que nós ainda não lançámos contribuições de guerra, inas sem termos lançado essas contribuições do guerra, nós • já temos a vida por tal forma cura que, para muitos, ela atinge o limite do incomportável. Quer dizer: ao passo que .os outros países, à medida^ que impunham encargos, criavam receitas e não se encontram, portanto, na . situação material e moral em que se encontram os dirigidos portugueses, os quais se vêem na situação do não poderem fazer mais sacrifícios.

E agora quando o país tinha direito de esperar alguns benefícios da paz, é exactamente quando lhe pedem Osses enormes sacrifícios, cuja necessidade ele não reconhece, porque mal compreende que não tendo já exércitos a combater, não tendo já tantas despesas militares que sobrecarregaram o Estado durante o período da guerrcij ainda lhe seiam exigidos sacrifícios que só durante as hostilidades se poderiam compreender.

jtu, nestas - condições, que nós vamos pedir sacrifícios 0,0 contribuinte, e é, nestas condições, que ele pensará, antes de os dar, se vale a pena submeter-se on reagir, e com essa reacção tem de contar o Governo, tem de contar o Sr. Ministro das Finanças, têm de contar todos os os Governos da República.

Não é iniciando assim, com uma simples medida de paliativos, a reforma tributária, que o Governo cria confiança no país, não digo já para lançar aquela soma de impostos, que naturalmente precisa lançar com intuitos de equilíbrio1 orçamental, mas sequer ao menos para realizar o empréstimo, a que o Sr. Ministro das Finanças vagamente se referiu num dos seus discursos.