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queles que; não dispondo de elementos de força para se imporem, sofrem as mais duras aflições, a braços' com uma cruciante miséria!

O Sr* Henrique de VásdônoôlOS: — Uma cousa não tira a outra...

O Orador: — Sim, bem sei que uma cousa não tira a outra, mas é preciso que todos -se compenetrem de que a República não pode ser mãe para uns e madrasta para outros, havendo filhos e enteados! Não! Dentro da República todos são cidadãos ! (Apoiados). E a todos urge acudir na medida do possível, atendendo às circunstâncias Ia (Apoiados).

Os ferroviários já tiveram dois aumentos num total de 100 por cento, segundo me informou pessoa de toda a confiança. E se é verdade, pelo que li noH jornais, o aumento total deve ir a 190 por cento!

O Sr. Henrique de Vasconcelos:—E

em quanto aumentou a carestia da vida'?

O Orador: —Se a carestia da vida au-meniou para os ferroviários, aumentou tanibôm para as outras classes. E o Parlamento, fazendo-se surdo em faço das reclamações dos funcionários que ato esta data ainda vivem com os ordenados que recebiam há trinta anos, está na disposição de autorizar o aumento pedido numa proposta da ídtima hora, como se fora uma faca aos peitos do Parlamento! . . . (Apoiados).

Não compreendo esta distinção. Ou para todos ou para ninguém! (Apoiados).

Moralidade do sapateiro de Braga; o Parlamento começa por aumentar em 150 por cento a remuneração dos seus membros, e vota ao desprôzo classes que se debatem com a fome! (Apoiadoé).

Assistimos a uma desgraçada política de esbanjamentos que nos há de levar à ruína! (Apoiados).

Afirmou o Sr. António Granjo que não há coacção nenhuma sobre o Parlamento para se votar este aumento, como,, aliás, a não tem havido doutras ocasiões. £ Mas afinal, o que é que nós verificarmos? Quando uma classe tem dentro de si ré* cursos para fazer qualquer imposição, logo o Parlamento abre a bolsa pura satisfazer as reclamações, nias quando se trata

Diário da Câmara do» Deputados

de empregados humildes, quando se trata de pequeninos, o Parlamento não lhes dá importância.

Chegou a hora em que ó necessário olhar para as instantes reclamações dpu-tras classes que ainda não foram atendidas, apesar de há muito reclamarem a justiça. (Apoiados).

Temos de atender todos e não apenas uma classe. Assim é que se faz democracia. (Apoiados).

Precisamos, .antes de tudo, ver a situação financeira do país.

& Porque não se realiza uma sessão secreta?

Diz-se que causaria alarme. O alarme com a recusa da sessão secreta ó maior do que se a realizássemos.

Precisamos restaurar as finanças e tratar de ver onde se hão-de ir buscar os recursos para pagar as. melhorias de vencimentos a todas as classes e só depois é que se podem fixar novos ordenados e salários ao pessoal do Estado. (Apoiados).

Sem examinar com cuidado a situação da fazenda pública, sem se saber a quanto montam os encargos da dívida pública, não se podem aumentar as despesas. Proceder de forma contrária será empurrar o país para o precipício. (Apoiados prolongados).

•Não podemos continuar na senda que trilhamos. É preciso arripiar caminho. É preciso que haja patriotismo. Aumentar os encargos, quando talvez dentro em pouco não tenhamos com que pagar os que já existem, não faz sentido.

Lamento' não ver presente o Sr. Ministro das Finanças, por isso que desejava saber qual a sua opinião sobre a proposta de lei em discussão.

Quando o país atravessa uma situação económica aflitiva, causa assombro que o Govôrno queira aumentar as tarifas ferroviárias nos caminhos de ferro do Estado.

Verifico que estamos num círculo vicioso donde nunca mais se sairá.

Interrupção do Sr. José de Almeida, que se não ouviu.

O Orador: — Isso é uma coacção sobre o Parlamento! É a coacção da greve!