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Sessão de 87 de Fevereiro de 1920

os trabalhadores unir-se e compreender os seus direitos e deveres não se deixando subornar nem comprar por aqueles que por todas as formas procuram inutilizar-lhes a sua acção. Não olhem também os operários só para si e lembrem-se também do grande número de vítimas que podem fazer com os seus actos impensados.

Eu pregunto aos operários e a todos aqueles que comodamente viveram em Portugal durante a guerra qual a situação dos qne batendo-se em África e França regressam a este País, depois de longos sofrimentos e para os quais a vida-é em especial difícil. Eu pregunto se não é criminoso esquecê-los criando-lhes uma situação dificílima, visto eles tanto precisarem do auxílio de todos que constituem a Nação.

Eu pregunto aos ferroviários se eles podem ir dificultar ainda mais a existência desses' denodados que têm incontestável jus a que se não esqueçam, dos muitos sacrifícios e agrura? que passaram em honra da 'Pátria. Oxalá todos pensem sensatamente nestas questões.

Sr. Presidente-: vou referir-me agora às considerações do Sr. Ministro do Comércio. Pela maneira infeliz como S. Ex.a pôs a questão não me resta dúvida alguma que houve e continua a haver coacção sobre o Parlamento.

Vozes:—^On-de pára o Sr. Ministro do Comércio? & Então S. Ex.;i ausenta-se da sala num debate desta natureza ?. . . O orador deve interromper as suas considerações.

O Sr. Presidente:—Já mandei prevenir o Sr. Ministro do Comércio, Entretanto o Sr. Ministro da Agricultura declara-se habilitado a acompanhar a questão.

O Orador: — Dizia eu, Sr. Presidente» Que coacção de facto tem havido e, muito especialmente, tem ela sido exercida pelo Sr. Ministro do Comércio. Existia e agravou-se com as últimas declarações de S. Ex.a

£ Com. efeito, a que propósito vem o Sr. Ministro levantar neste debate a questão do subsídio aos parlamentares ? £ Com que fim traz S. Ex,a este assunto à discussão?

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- Sr. Presidente: eu estava afastado dos trabalhos parlamentares quando nesta Câmara foi discutido o projecto que ao assunto se referia; não tendo tomado parte nesse debate não tive ocasião de dar a conhecer o meu modo de pensar, e neste momento nada representava se o desse a conhecer. Julgo, porém, que ninguém tem o direito de vir agora procurar diminuir o valor das afirmações e doutrinas, seja de quem for, pelo facto desse alguém ter sido partidário do- subsídio. -Tal processo condeno-o em absoluto e surpreende-me que dele se tivesse usado.

O nosso ilustre colega Sr. Manuel Fragoso, num brilhante discurso a respeito da proposta em discussão, manifestou claramente os seus pontos de "vista. Acho fantástico que o Sr. Ministro do Comércio não lhe refute os seus argumentos, limitando-se a tentar negar-lhe autoridade para falar por ter sido partidário do subsídio. É inacreditável l (Apoiados). Estou certo de que em Parlamento algum do mundo jamais um Ministro adoptou semelhante procedimento (Apoiados). Se isto não é uma coacção eu então pregunto a S. Ex.a que me diga o que é uma coacção. Eu, pelo menos, não sei nem posso dar a este facto interpretação diversa. Mas prosseguindo.

Sr. Presidente: o Sr. Ministro do Comércio deve fazer justiça aos membros desta Cornara, reconhecendo que há nela indivíduos que, pela sua profissão e habilitações especiais, sabem interpretar números e dar-lhes a significação própria, encarando-os na sua relatividade e não apenas na sua grandeza absoluta.