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Sessão de 2 de Março de 1920

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,; Qual é a nossa função quando ama nhã o Exército e Armada apresentarem reclamações e nos disserem quo ou votamos como eles querem ou vão para a rua?

£ Qual é a liberdade de pensamento de todos nós ?

(jOs Poderes Públicos abdicam?

Então, se não temos força, para manter a integridade das instituições, subvertamos a sociedade.

E eu daqui digo ao operariado do meu País que se está consciente da sna força para tratar dos destinos da Nação, subverta-nos então pela, própria força, subverta os fundamentos da República, estabeleça os seus princípios sociais, e governe à .sua vontade.

Se uma sociedade constituída, se uma República que sonha com a transformação da sociedade, mas não por processos de abdicação, por processos de inferioridade— cedem sob coacção, é justo quo inteiramente nos entreguemos!

Instituições parlamentares, instituições governativas, instituições republicanas, que se não apresentem de cabeça erguida, que se não mostram activos, severas, que que fogem cobardemente ao combate, não devem realmente existir!

O Governo não nos diz cr estado da questão, o Governo não nos diz os elementos com que conta, o Governo não nos diz o estado de negociações que porventura existam entre o Sr. Ministro do Comércio e a classe ferroviária.

O que se vê é que 6 Parlamento não podo sequer introduzir a mais pequena alteração à proposta dos ferroviários, por isso que essa classe com a força da sua organização diz:

«Ou o Parlamento da República vota essa proposta, ou nós continuaremos a nossa greve».

Sr. Presidente, eu devo confessar francamente que este é um princípio de inferioridade, pois que desta forma o Parlamento assume uma atitude desgraçada e asaim eu dou razão à. frase do Sr. La-dislau Batalha: «Acabe-so com isto».

Sr. Presidente, nós assumimos inteiramente a responsabilidade das nossas afir-

mações, e assim não nos venham dizer que o Parlamento marcou atitudes diferentes com a greve da C. P.

Não,. Sr. Presidente, nós combatemos então o Governo por isso que não tinha conversas com os ferroviários.

Não, Sr. Presidente, a questão é muito diferente, agora trata-se de uma proposta que foi trazida ao Parlamento e que já foi votada na generalida.de, uma proposta qne originou uma greve; por isso não se admite a mais pequena modificação.

É uma questão absolutamente diferente.

Sr. Presidente, o Partido Popular não pode do forma alguma estar de acordo com essa atitude e assim declaramos muito claramente ao Sr. Minintro do ComOrcio que continue com a sua obra por isso que nós sairemos da, sala em-quanto se votar essa proposta, visto que entendemos que não podemos estar no Parlamento da República discutindo sem liberdade. (Muitos apoiados}.

Tenho dito.

O Sr. Presidente do Ministério (Domingos Pereira): — Não compreendo que V. Ex.as se retirem da sala no momento' em que o Governo vai dar explicações sobre o assunto.

O Sr. Júlio Martins : — Eu devo declarar que não é por menor consideração para com V. Ex.as que nos retiramos da sala, mas sim por uma deliberação que tomámos.

O discurso será publicado na íntegra quando o orador haja devolvido as notas taquigráficas.

O Sr. Presidente do Ministério (Domingos Pereira) : — Sr. Presidente : disse o ilustre Deputado Sr. Júlio Martins que o Governo tinha feito a declaração de que se mantinha solidário com o Sr. Ministro do Comércio, mas que não havia dado explicações sobre as razões dessa atitude.

Sr. Presidente, o Sr. Júlio Martins quis demonstrar que o Parlamento ficava numa situação de inferioridade em face das exigências dos ferroviários, para que seja votada a proposta qne está em discussão nesta Câmara.