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é justo, porque se o não considerasse justo não o tinha trazido aqui.

Se anteriormente havia razões para justificar a sua apresentação, as mesmas razões subsistem como no momento em que veio à Câmara.

£ Não seria a suspeita de uma coacção deixar de discutir uma proposta que estava em discussão só porque se fez uma greve ?

Não pode o Parlamento submeter-se a qualquer coacção; deve ser superior a tudo isso e continuar nos seus trabalhos.

Em Portugal está-se defendendo uma política em que não se faz distinção entre as questões que devem ser estudadas e resolvidas e aquelas que devem ser esmagadas pela força e pela violência.

As rpip.líxrngnões feitas ordeira.ino.nic de vem ser estudadas. Se têm alguma cousa defensável, que se atendam ; se não têm ponham-se do parte.

Os íerrovíúi lus do Estado fizeram reclamações ordeiras pedindo ao Governo melhoramento dos seus vencimentos. O Governo falou-lhes, ouviu-os e depois disso trouxe à Camará a proposta do Sr. Mi-nisiro do Comércio. E com serenidade e ponderação que essa questão deve' ser encarada, ó com serenidade e ponderação que o Parlamento estudará esta questão até o fim.

O orador não reviu. O Sr. Júlio Martins abandona a sala, acompanhado dos Deputados do Grupo Popular.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Jorge Nunes): — Sr. Presidente: com calma, como é preciso neste momento, vou falar à Câmara.

Sr. Presidente: tanto com os ferroviários do Estado, como com os ferroviários das empresas, tive durante muitos dias e noites conversações sobro > a maneira de possuir e por forma indirecta poder resolver as suas reclamações naquilo em que as considerava absolutamente justas e compatíveis com os interesses gerais do País.

Avisado desse propósito e certo de que, embora seja absolutamente indispen-

Diário da Câmara dos Deputados

sável a quem ocupa este lugar, manter íntegro o prestígio do poder, entendo que no período que atravessamos é absolutamente indispensável, também a quem governa, ver a sociedade através dum prisma bem diferente daquele porque ela era encarada noutros tempos, e justo era, pois, ouvir essas classes, como todas que fio me dirigissem fazendo quaisquer reclamações.

O Governo entendeu do seu dever ouvi-las e resolver, tendo em mira a justiça, o prestígio e dignidade do poder.

Assim, certo eu de que cumpria também o meu dever, e tendo uma noção aproximada da justiça dessas reclamações, estudei-as, e concretizando-as numa proposta de lei apresentei-as ao Parlamento.

Não vim sobrepticiamente pedir ao Parlamento qualquer cousa de onde resultem, não a satisfação do desejo que tinha nessa ocasião de resolver o problema que me era posto, .wâs uo acudir a companhias falidas»

Apresentei a questão ao Parlamento com toda a clareza. Fiz afirmações tais que não- davam autorização a ninguém -para duvidar dos meus propósitos.

Sr. Presidente: alega-se que, tendo estalado a greve dos ferroviários do Estado, o Governo nesta ocasião se encontra impossibilitado de se pronunciar sobre, a proposta.

Discordo absolutamente.

O Governo, neste momento, só .tem dois aspectos por que encare esta questão: .um, o que diz respeito apenas à classe, ferroviária, e que ó apenas de ordem económica, e que tem aqui, no Parlamento, o seu lugar; aqui deve ser sujeito a um detido exame, e é a hora própria de ser apreciado.

O outro diz respeito, ou poderia dizer respeito, a excessos 'contra o prestígio do Poder, contra a ordem pública, a perturbações de qualquer espécie.

Este aspecto tem de ser encarado duma forma diferente porque, evidentemente, o poder não poderá ficar impassível perante perturbações de ordem pública, venham elas de onde vierem, de políticos ou .não políticos.