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Sessão do 2 de Março de 1920

. Não deixa, portanto, o Governo hoje de se interessar pela questão sob o ponto de vista económico, tal como o tem feito desde a primeira hora.

Não vem,. como muitos querem, defendê-la apenas pelo facto da greve se ter declarado. O problema está posto e claro.

É preciso atender aos direitos dos ferroviários do Estado, a despeito da greve, como aos de todos os empregados que se tenham mantido numa atitude ordeira, aguardando plácidarnente a acção do Governo e do Parlamento conjugados.

Estamos a citar sempre os outros países a cada momento, mas a verdade é que, guardadas as devidas distâncias entre mim e os estadistas que o são a valer, por esse mundo fora,

^Eu pregunto a V. Ex.a se no Parlamento Inglês, pelo facto de ter tomado um aspecto revolucionário a questão da Irlanda, algum Ministro entendeu que se devia sobrestar nas providências a adoptar para com essa. parte do território britânico, pelo facto de haver mortos e movimentos revolucionários?

£ Eu pregunto à política do meu Pais, se na Inglaterra, porque houve conflitos nas minas com as autoridades, alguêin*se lembrou de dizer que o GovOrno não tinha a liberdade de movimentos, a independência precisa para tratar da questão mineira no Parlamento?

& Eu pregunto ainda a todos, de cabeça bem levantada, bem erguida, se ó indecoroso tratar da questão ferroviária no Parlamento e não é indecoroso tratar o Governo directamente com os ferroviários, como muitos desejam?

£ Então o prestígio parlamentar stmte--so diminuído, apreciando aqui a proposta, e não nos diminui a nós, indicando ao Governo para tratar directamente com os ferroviários? (Apoiados}.

Sr. Presidente: a atitude que tomei no princípio desta questão, tenho-a mantido até hoje, absolutamente no mesmo tom e

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sem hesitações. Não tenho, como Ministro, de pôr ao meu espírito, ao menos, a dúvida do não poder tratar este problema, porque se levantou este incidente dos ferroviários do Estado, -precipitando-se numa greve que merece a minha inteira e completa reprovação.-

Como homem que sobraça uma pasta que lhe acarreta tremendas responsabili-dades, eu tenho de ser um homem do meu tempo, a despeito das necessidades políticas de qualquer natureza, ou até dum falso prejuízo de prestígio, que não se acha abalado.

Queriam que o Parlamento fechasse a questão ferroviária, pagando por virtude dessa atitude não só àqueles que se lançaram na greve, como àqueles que tal não fizeram nem. têm desejo de a fazer? (Apoiados).

Eu pus a questão no primeiro dia, tal como a ponho hoje: se eu era homem que podia, não pela inteligência, mas pelo meu critério, pelos conhecimentos que tenho da vida do meu País, tratar e resolver a questão, eu contava com o Parlamento, eu tinha o seu apoio para a minha proposta, mas se o Parlamento entendia que a questão deveria sor resolvida ou tratada melhor por outrem, ele tinha, desde há vinte dias, natural ensejo e toda a oportunidade, sem, sequer, ter qualquer propósito de me ofender, do me indicar o caminho que eu teria a seguir, que era abandonar este lugar.

Hoje, como ontem, eu considero absolutamente indispensável a votação da proposta que apresentei. jE — como isto é lamentável! — quem não conhece algarismos, neiu a política ferroviária senão de ouvido, atribuíu-se já a qualidade bastante para me adivinhar propósitos que nun-.ca me passaram pela mente, e avaliar e apreciar até esta proposta nas suas cou-'sequências, do forma tal que nada restaria de pé se alguém quisesse efectuar o mais elementar exame a essas considerações produzidas por quem em política de algarismos o política ferroviária pouco mais sabe do que o a /) c.