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iàrio da Câmara dos Deputados

Assim encontrei um contrato firmado, faltando-lhe apenas a confirmação, a qual não foi feita devido à greve dos correios e telégrafos e ao preço de 610 xelins, não se.tendo feito antes disso compra alguma por preço superior a 600 xelins.

O Sr. Júlio Martins: —

O Orador: — Eu já vou esclarecer V. Ex.a, mas, como disse, não se fez compra alguma de trigo por preço superior a 000 xelins.

Hei-d© ter ocasião de expor à Câmara os grandes inconvenientes que advieram pondo o Estado em comprador'de trigo, visto que o Estado não tem condições para comerciar o,"direi mais, nem o crédito que as empresas têm.

Devo dizer à . Câmara, se a memória me não falha, que em Outubi;o ou Novembro a Moagem foi então ao Sr. Ministro da Agricultura e fez-lhe a proposta de aquisição de trigo necessário para "ser moído no norte e depois fornecido à Moagem do sul a $19(2) cif-Tejo, quando o Estado a vinha comprando a preço superior.

O Sr. Ministro de então não aceitou essa proposta e não aceitou, segundo informações que tenho, por isso que estavam feitas compras a preços inferiores, e também por que essa proposta não tinha nenhuma garantia, como se provou depois.

O que eu sei é que se perdeu muito tempo e assim agora temos de comprar o trigo mais caro do que então se poderia ter comprado em vista das propostas feitas.

Isto é a resultante dum facto que é preciso notar: é que mais do que qualquer outra cousa, o que influi na carestia da vida em Portugal, é o comércio feito por indivíduos chamados comerciantes da guerra ou milicianos, que se acercam dos Ministros para lhes fazerem ofertas que muitas vezes não podem manter.

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis) (intewompendo]: — Nãooé a exis-tGncia desses comerciantes a que levianamente se dá o nome de milicianos, que mais influe na carestia da vida. O que

mais tem influído para o agravamento das condições de vida, é a incompetência provada dos homens que se têm sentado nas bancadas do Governo.

A prova do que afirmo está no facto que vou citar. Não ô o único, mas é só por si bastante edificante.

Nnma certa altura foram aceitas no Ministério da Agricultura propostas para fornecimento de trigos, não se acautelando o Estado, com qualquer espécie de restrições prévias, no-sentido de garantir o cumprimento dessas propostas, o que deu margem a casos como este: de se abrirem no estrangeiro créditos avultadís-simos que o Estado teve depois grandes dificuldades em reaver.

O Orador: — Conheço o facto, mas persisto em dizer que há uma larga especulação pela forma que indiquei.

Quando tomei conta da pasta da Agricultura, encontrei no Ministério uma proposta de 585 xelins.

Aceitei-a logo e exigi uma garantia de 500 contos. Já são passados 20 dias e ainda estou à espera da resposta.

São ou não habilidades?

Uma voz: — Por isso mesmo é que se devo lastimar que tenha havido falta de cuidado em rodear o Estado de todas as cautelas.

O Orador: — Mas se eu estou a dizer que exigi uma garantia bancária!...

O Sr. Júlio Martins: — Mas isso não . está marcado na lei.

O Orador: — Mas está no critério do Ministro. -

O Sr. Júlio Martins ; —V. Ex.a está a condenar os Ministros que têm sobraçado a pasta da Agricultura.

O Orador: — Este Governo não veio para remediar, males .passados, mas sim para resolver os males da hora presente e para evitar males, futuros. Não estou fazendo acusações aos meus antecessores; estou simplesmente a narrar factos e hei--de narrá-los com toda a verdade.