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Diário da Câmara dos Deputados

não restarei mais que um montão de farrapos. Mais, nada.

Tive ocasião, na visita que fiz à Biblioteca, de ver, por exemplo, um livro intitulado Amesement Periodique, exemplar único, do Cavaleiro de Oliveira, que não tem valor, porque se lhe podia atribuir qualquer grande valor.

Pois está quási destruído!

Outro facto existe que, mais do que este que acabo de apontar à Câmara, deve chocar a sinsibilidade dos seus ilustres membras.

Quero referir-me ao relatório enviado por D. Luís da Cunha a D. João V. Esse relatório tem um extraordinário valor histórico, o também um altíssimo valor artístico, mercê das suas numerosas gravuras e, apesar disso, está a caminho de perder-se.

O Grovêrno Inglês, tendo conhecimento deste facto, enviou um funcionário, igualmente inglês, a -Lisboa proceder à sua reprodução fotográfica, convencido naturalmente como estava, de que a administração portuguesa o deixaria destruir irrepa-râvelmente. Isto representa indubitavelmente um vexame para todos nós. (Muitos CLpGlO.doS^j.

Lá fora conhece-se o valor bibliográfico que existe em Lisboa, mas sabe-se também "que nós não possuímos o brio e o amor próprio que devíamos ter. ..

O Sr. Júlio Martins: — Não apoiado!

O Orador: —Só assim se pode justificar que desde 1844 todos os directores da Biblioteca Nacional venham reclamando providências, sem que até hoje lograssem ser ouvidos. . .

O Sr. Júlio Martins:--QueV. Ex.a nos venha pedir aquilo que julga indispensável para remediar a situação do nosso património bibliográfico, compreende-se. Agora o que não se -compreende é que V. Ex.a venha citar o caso do inglês, qne nada significa.

O Orador:—Não sou da opinião de V. Ex.a Eu julgo que o facto apontado é> pelo contrário, bem significativo e para nós pouco lisongeiro. O que ó deveras lamentável é que nós não tivéssemos procurado evitá-lo- (Apoiados).

O Sr. Júlio Martins: — j A culpa não é nossa!

Q Orador:—Eu também ainda a não atribui ao Grupo Popular.

A Biblioteca não pode continuar no edifício onde se encontra actualmente instalada, porque o contrário corresponderá a nada fazer no sentido de remediar a situação em em que se encontra. É por isso absolutamente justificável a intenção da minha proposta, tendente a fixar a receita necessária à construção dum edifício próprio, o que, de resto, se tem feito em todos os países onde há um pouco de amor por estas cousas. Em Madrid, por exemplo, a biblioteca, que é uma das mais importantes, de todo o mundo, encontra-•se instalada num edifício construído expressamente para esse fim.-

K0 Sr. Eduardo de Sousa:—E pode citar-se com orgulho que em Portugal a biblioteca municipal do Porto possui uma instalação verdadeiramente modelar.

O Orador:—Para a nossa história marítima e colonial encontram-se ali documentos importantíssimos, que podem perder-se, o que ó uma vergonha para todos nós; podem perder-se devido à humidade que há naquele estabelecimento' que tem feito com que esses impressos se tenham transformado num pedaço de pá pelão.

A. minha proposta de lei destina-se a remediar este espado de cousas, se não desde já, no futuro, e a outra proposta destina-se a abrir no Ministério da>s Finanças e a favor do Ministério de Instrução um crédito de cinco mil e qui nhentos escudos para pagar aos assalariados daquele estabelecimento.

Eu devo dizer à Câmara que o pessoal encarregado de fazer a limpeza desses milhares de exemplares que existem na Biblioteca Nacional ó de dezanove mulheres, que ganham apena cinquenta' centavos por dia, o que não chega pois não é com dezanove mulheres, nem com o que elas ganham, que se pode fazer alguma cousa de eficaz.