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elevada quantia, para • baratear o pão, fornecendo o trigo à moagem por preço inferior àquele por que o adquire, não seguia idêntica orientação relativamente a outros géneros igualmente necessários à alimentação pública; e assim concluía por não saber qual era a política dos Governos, e naturalmente a deste Governo, que não tratava de resolver o problema do abastecimento do carvão, que não procurava adoptar medidas de protecção à lavoura, visto que ela estava recebendo pelo trigo preço inferior àquele por que o Estado estava fornecendo o trigo exótico à moagem.

Devo dizer, Sr. Presidente, que quando pela lei foi fixado, no ano passado, o preço de 206 para o trigo nacional, havia, e continua havendo, na lei deste ano que fixa os mesmos preços, uma protecção à lavoura nacional, pois o preço de 220 é superior ao de 206.

Como desapareceu toda a documentação que existia no antigo Ministério dos Abastecimentos, eu não pude verificar qual foi o preço por que foram adquiridos os trigos exóticos, comprados até à extinção daquele Ministério, mas tenho informação de que durante muito tempo o trigo exótico foi comprado por preço inferior a 206.

Em Novembro foi feito no Ministério da Agricultura uma proposta para a quási totalidade do consumo.

O Ministro da Agricultura de então não aceitou essa proposta porque tinha outra mais barata, mas que não era para a totalidade.

Depois êSse contrato não se fez e o resultado foi que começou a alta dos trigos a 200, SOO.e por aí fora, até hoje, que está a 670 a tonelada.

Esse prejuízo para o Estado de 20:'000 a 30:000 contos, não é bem exacto, mas não anda muito longe da verdade.

Depois de Novembro o preço do trigo tem subido muito=

O Sr. Cunha Liai: — E para o ano ainda há-de ser pior. .

O Orador: — Na minha opinião a moagem é que devia comprar os trigos, estabelecendo o Estado o preço do pão, porque em volta do Estado faz-se uma grande especulação.

Diário da Câmara dos Deputados

V. Ex.as sabem que=o Estado nem sempre' tem ao seu dispor as precisas disponibilidades.

A situação mundial está .modificando-se cada vez para pior, a América está a fechar os seus portos à saída do trigo, a Argentina quási que está fazendo o mesmo, limitando o mais possível essa saída.

Isto tudo tem determinado a alta do trigo.

Foram estas as razões que levaram a Espanha a adoptar um único tipo de pão e o mesmo fez a França, e eu vejo-me obrigado, e unicamente por uma razão de ordem económica, a estabelecer um único tipo de pão.

Se eu dispusesse de trigos em quantidade suficiente para abastecer, largamente não só Lisboa, como o resto do País, eu manteria através de tudo, os dois tipos de pão, porque era a única maneira de permitir às classes pobres a aquisição do pão mais barato.

Mas as dificuldades são grandes, e ó preciso reduzir o consumo do pão, o que só se poderá conseguir com um tipo único.

Á razão forte que me leva a estabelecer um único tipo de pão, agravando a situação das classes pobres, porque o tipo único há-de ser mais caro do que o actual pão de segunda, é de ordem económica que já levou também a Espanha a mobilizar as fábricas é padarias, visto estar sofrendo mais dificuldades do que Portugal para aquisição de trigos.

Quanto à lavoura, devo dizer que ainda no domingo eu fui consultar aquela que eu chamo pobre de trigos, visto que se torna necessário regular o preço do adubo.

O barateamento do adubo ó a base principal para incitamento da lavoura à cultura do trigo.

A maior fábrica do produto declarava que não poderia fornecer adubo a preço inferior a 1600.

Ora eu convenci-me rapidamente de que a lavoura não poderia suportar semelhante preço, e que por tal preço se veria obrigada a não semear trigo.