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Ssssão de 23 de Abril de

que os lavradores cultivem mais, pois posso afirmar, sem receio de desmentido, que, por virtude de se ter feito já isso, não foi lançado um bago de trigo à terra.

Se não se semeia muito é porque não estando tabelados outros produtos, como aveias, cevadas e favas e sendo estas culturas sujeitas a menores contingências que a do trigo, os lavradores as preferem.

Fogem à cultura do trigo que não está sendo remuneradora.

O Sr. Brito Camacho: — Não apoiado* Por em quanto ó largamente remuneradora.

O Orador: — É na região de Beja.

Nas outras regiões não é.

A cultura de trigo só é remuneradora na zona dos trigos.

No nosso distrito de Beja há zonas que dão vinte a vinte e cinco sementes.

O que é necessário é modernizar a cultura nesses terrenos, de maneira que dêm trinta a trinta e cinco sementes, porque não é preciso só cobrir o déficit, o que urge também é arranjar trigos baratos.

Mas eu estou convencido de que a cultura do ' trigo, resolve-se mais nas colónias do que na metrópole.

O Sr. Cunha Liai (interrompendo):' — A opinião de V. Ex.a, porventura, é a opinião de todo o Governo ; e sendo, assim

Desde o tempo om que o Sr. José Barbosa foi Ministro das Colónias, existe um relatório do governador de Benguela, afirmando que se o 'habilitassem com a verba de 1:000 contos, ele conseguiria, depois do estar uma comissão instalada nesse sentido, 100:000 toneladas do trigo.

O Orador: — Eu tencionava já, antes quê V. Ex.tt me dirigisse a sua interrupção, referir me a ôsse assunto.

Eu entendo, o tem sido SOIUJJIHJ ôsse o meu pensamento, que em vez do fixarmos o. preço do trigo na sementeira, devíamos fíxú-lo, cmquanto não puder dar-se-lhe a liberdade de comércio como pura os outros produtos? na origem o untes da co-

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lheita, por isso que as jornas aumentam e os preços dos materiais da lavoura estão caríssimos, sendo enorme a falta de braços.

Torna-se mesmo preciso fornecer à lavoura adubos por preços convenientes.

O Sr. Ministro do Comércio vai procurar efectivar uma protecção à lavoura, relativamente ao transporte dos adubos, e existem nesta Câmara dois projectos, um do Sr. Plínio Silva e outro do Sr. Ernesto Navarro, ao tempo Ministro do Comércio, concedendo certas facilidades na aquisição de máquinas para a lavoura.

Desde que o Parlamento me habilite com a discussão e aprovação destes projectos, eu dispensarei à lavoura a protecção de que ela carece.

Depois disto nós poderemos ver qual é na colheita, o qual e preço que para o trigo deve fixar-se à lavoura.

Há um factor com que não poderemos contar, e que é importante, pois que pode influir imenso na cultura do trigo no nosso país.

Por 'exemplo : nós temos até agora nm regular ano agrícola, mas se no próximo mês de Maio vier a alforra, pode dar-se o caso de ver reduzida a cultura do trigo a metade ou dois terços.

O Sr. Brito Camacho (interrompendo):—

O Orador: — K um incidente com que ó preciso contar, e creia V. Ex.a que não é para fixar o preço antecipadamente quo se consegue que o lavrador produza mais trigo.

A cultura do trigo tem sido extraordinária, mas uma causa dôste facto é os pequenos cerealeiros terem hoje dinheiro, e como tom medo da sua dcvalorização, porque, dizem eles, o dinheiro não vale nada, empregam-no em terras, razão também porquo a propriedade está muito valorizada.