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Sessão de 29 de Abril de 1920

nesta ocasião, em que cada um procura acautelar-se com a maior quantidade possível desse génoro de primeira necessidade.

Não foi essa alta de preços, como V. Ex.a sabe, resultante da diminuição de produção; ua verdade, se se semeou menos, a colheita foi muito superior.

Aparte do Sr. Ministro da Agricultura, que não se ouviu. \

O Orador : — Oxalá que as minhas informações não se confirmem e V. Ex.a possa adquirir trigo em muito melhores condições.' E um bem para o Estado e um bem para o país.

O Sr. Ministro da Agricultura (João Luís Ricardo): — Não julgue V. Ex.a que estou optimista.

O Orador: — O que desejo é que V. Ex.a, nesse, assunto, esteja cada vez mais optimista.

O Sr. Ministro da Agricultura (João Luís Ricardo):—Não estou, posso até dizer que o assunto é mais grave do que V. Ex.a pode imaginar.

O Orador: — Sr. Presidente: urge combater o nosso déficit cerealífero. Recebi o relatório dum engenheiro,' deveras distinto, que.se tem dedicado a estes assuntos agrícolas, em qne chama a atenção do Governo para a necessidade de aquisição de. tractores'; Devo dizer que da mesma maneira eonsidero uma necessidade urgente "adquirir esses tractores, não para comércio de terceiras pessoas, não para comércio particular, mas para entidades não comerciantes, como sejam cooperativas ou sindicatos.

Sei, porque li, que a Federação dos Sindicatos apresentou a S. Ex.a um projecto relativo a este assunto, e que S. Ex.a tinha ido ao encontro das aspirações desses sindicatos, colaborando num projecto em que se defendesse este princípio.

Todos temos a ganhar.

S. Ex.a honrou-so dirigindo-se aos sindicatos, os sindicatos honraram-se dirigindo-se a S. Ex.a Oxalá que as palavras dos sindicatos tenham bom acolhimento.

A póquena propriedade é a mais produtiva, e eu, a propósito, podia apiresen-

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tar à Câmara várias estatísticas de países estrangeiros, em que se estabelece a comparação entre a pequena e a grande propriedade.

E um estudo interessante, que veio radicar ainda mais no meu espírito a opinião de que é indispensável fomentar o desenvolvimento da pequena propriedade.

Sr. Presidente, como Deputado por uma região agrícola, eu não podia ficar silencioso perante ôste debate, tanto mais que fui sempre partidário do princípio de que é necessário abastecermo-nos com os recursos próprios, e não procurar apenas obter grande produção de certos géneros, que são mais lucrativos, e a mínima em outros.

Fui sempre, Sr. Presidente, contra o1 excesso da cultura da viaha, com a ânsia de grandes lucros, descurando-se por completo o problema do pão, e agora as minhas palavras estão eni vésperas de serem confirmadas, pois que a cultura vinícola foi de tal natureza, que estamos na iminência duma grande crise.

A alta das aguardentes elevou extraordinariamente os preços dos produtos licorosos, que dificilmente obterão colocação nos mercados estrangeiros, atendendo também a que na Inglaterra • e na França a sua importação tem sido reduzida.

Se V. Ex.a pudesse fazer com que o meu projecto viesse à discussão,, visto que já tem o respectivo estudo, e cujo fim se destina a colocar a vinha de encosta em condições de poder competir com a vinha de várzea; se se pudessem iniciar aquelas medidas' elementares de defesa agrícola, estou certo de que -o agricultor trataria com mais cuidado as suas searas, porque -tinha a garantia de que elas não seriam inundadas e, conse-qúentemente, tiraria o lucro do seu trabalho.

Em Vila Franca, por exemplo, a cultura dos cereais tem sido substituída pela cultura da vinha, visto esta não ter os inconvenientes da outra cultura.