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Sessão de 18 de Maio de 1&20

Porei no entanto, e por agora, de parte o assunto da Biblioteca Nacional de Lisboa, para dizer a S. Jfix.a e à Câmara que não é só esse estabelecimento que deve merecer a nossa atenção.

Há outros por esse pais fora que estão também em condições difíceis e entro elas citarei uma biblioteca que bem de perto conheço.

Réfiro-me à Biblioteca de Évora e ao seu musrtii, que são deveras importantes e cujas preciosidades creio serem conhecidas pela maioria dos membros desta Câmara.

Ali encontramos produções de subido valor, dentre as quais posso citar, de momento, os quatro tomos da uvora Ilustrada, do conhecido escritor Padre Fialho ; a notabilíssima Colecção Ultramarina de tal maneira importante que tem sido utilizada em ocasiões várias, pelos Governos, na defesa dos. nossos territórios, quando se têm suscitado questões de caracter internacional; o célebre Esmeralda de situ orbia, de Duarte Pacheco; a correspondência de D, Luís Vasco da Gama; o Tratado da Esfera, de Pedro Nunes ; os Livros de Horas, com preciosíssimas iluminuras, enfim, muitas e muitas raridades que se não devem desprezar.

Se na Biblioteca Nacional de Lisboa, se dá o caso de muitos livros raros estarem já inutilizados, eu devo dizer a V. Ex.a que o mesmo se principia a dar na Biblioteca de xwora.

N rez-do-cbão do edifício onde, está instalado o museu, existe uma porção grande de livros que a traça vem estragando,

É mister acudir a esta situação.

Mas como é que os indivíduos quo estão à testa desse estabelecimento podem fazer alguma cousa?

Se V. Ex.a consultar o último orçamento do Ministório da Instrução, encontrará, no que respeita às dotações da Biblioteca e Museu de Kvora, cousas verdadeiramente irrisórias.

Mas, Sr. Presidente, ainda há mais: a Biblioteca de Évora não satisfa/ aos fins para que foi criada, pur iasu que se encontra cheia do livros o de objectos de arte, não havendo onde colocar novas obras.

Assim, Sr. Presidente, ola não tem podido receber ato hoje n ssiíx^níÊCíi livra-

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ria do ilustre titular Sr. Visconde da Esperança, que deseja legar aos eborenses os seus magníficos livros; por tal razão essa biblioteca particular, uma das mais importantes do País, continua na Quinta de Manizola, e por lá continuará se não tomarmos as medidas necessárias para poder ser recebida.

Repito: não se pode ali receber essa magnífica biblioteca por não haver lugar onde depositar esses exemplares, tam numerosos quam importantes.

Além disso, Sr. Presidente, há que atender também à impossibilidade que até hoje tem havido de se receber o importante arquivo distrital. Não temos instalações que o comportem. Envidaram--se já esforços para o recolher, tendo-se conseguido uns compartimentos para ôsse fim.

E durante o período dezembrista, em que a cidade de j&vora se viu transformada numa perfeita caserna, os soldados que ali estiveram arrombaram as portas das casas em quo estava uma pequena parte do muito que é esse arquivo, que ainda se encontra disperso, c inutilizaram vários manuscritos.

Ao certo que dôsse facto hão-de resultar consideráveis prejuízos, de que mais tarde se terá conhecimento, sem que se lhes possa dar remédio.

É preciso providenciar para que de futuro não tenhamos a registar casos semelhantes, que apenas são a demonstração cabal do nosso desleixo e da nossa incúria.

Quanto ao museu regional, a que já me reportei, posso afirmar que se tornará um dos mais importantes do País se se lhe prestar o auxílio devido. Não lhe faltam obras notáveis como, por exemplo, o magnífico quadro A Senhora da Glória, atribuído a Gorarei David, e muitos outros quo, segundo opiniões autorizadas, ou são do mesmo autor ou pertenciam à sua escola.

Os belos trabalhos, a lápis vermelho, de Vieira Lusitano e tantos e tantos outros que, mercê da falta de instalação, estão nas dependências do Governo Civil positivamente empilhados, dão-nos a impressão, .não dum museu, mas sim dum bric-à-brac.