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SessSo de 19 de Mqio de 1920

te, que quási ninguém lhe tom posto a vista em cima.

Estou certo de que sem a curiosidade literária e spiontífica de certos bichos que constituem a fauna devastadora das bibliotecas,, a nossa Biblioteca Nacional teria perto de sessenta mil vezes as onze mil virgens do que rezam as Escrituras.

Certo é, cqnforme j4 aqui foi dito e repetido, que a Biblioteca tem sofrido grandes danos, sendo de recoar que maiores venba ainda a sofrer se não lhe acudirmos com remédio eficaz e rápido.

É estranho e ó lamentável que nunca, •a não ser agora, se reparasse no que ia pela Biblioteca Nacional,, nos prejuízos' que ela sofria e nos riscos que a ameaçavam.

Bem sei que alguns bibliotecários, pelo correr dos tempos, chamaram a atenção dos Poderes Públicos para o que se passava naquele estabelecimento do Estado, mais do que qualquer outro digno de atenções e solicitudes; mas isso, fez-se sempre burocráticamente, em papel de ofícios, e por forma a não se impor aos governantes como objectos de reflexão e cuidado.

Bem ponderadas as cpusas, o facto é menos de estranhar do que à primeira vista parece.

Há entre nós uma grande falta de interesse por todo o estudo que não seja o das aulas, por toda a cultura que não seja a burocrática, necessária, e suficiente para a carreira dos empregos públicos.

Constata-se a existência dum mal: é preciso determinar as suas verdadeiras causas,, para que se faça uma justa atribuição de respensabilidades. Os bichos não podem ser os únicos culpados do que vai pela Biblioteca Nacional; os parasitas que dela tom. tido encargo, no correr dos tempos, mais do que os bichos, são responsáveis pelos danos causados.

Bem sei que a Biblioteca tem o defeito primacial de todos 03 edifícios utilizados para o que não era o seu destino.

A Biblioteca foi um convento e eu sempre direi, do passagem, que a despeito de todo o mal que-digamos dos conventos e dos frades, justo o reconhecer que as bibliotecas que possuímos, na sua maior parte, mais ricas, umas, menos ricas outras, a ôles as devemos.

Romos gente duma psicologia tam caprichoso, que maip ow menos todo o livra

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pensador é frade, e mais ou menos todo o frade de ontem, todo o teólogo de hoje, é livre pensador.

Ainda há pouco a Cíimara soube que o administrador democrático de íáantp Tirso é o abade da freguesia. Como 'democrático e livre-pensadpr, ele ó pela lei da Separação e ateísmos correlativos; mas como abade Ole ó pelas doutrinas da Igreja e disciplina correspondente.

O certo ó que os conventos, quer sejam adaptados a quartéis, quer sejam adaptados a bibliotecas, quer sejam adaptados a parlamentos, são sempre duma estrutura defeituosa, duma anatomia incorrigível sob p ppntp de vista de certas adaptações a novos usps.

É ó caso da Biblioteca Nacional.

Isto não quere dizer, porém, que se tivesse havido na Biblioteca o cuidado in-teligepte e carinhoso — porque sou dos que entendem que os homens a cargo de quem .está uma biblioteca pública devem ter ânimo e disposições dum sacerdote — ainda, assim ela teria chegado ao estado lastimoso em que se encontra.

Cuidados permanentes de conservação teriam evitado essa lástima, que ó ao mesmo tempo uma vergonha.

Certamente a Câmara não ignora que no mesmo edifício em que está instalada a Biblioteca Nacional está instalada a Es-cola de Belas Artes ç está instalado o Museu de Arte Contemporânea.

Os que têm visitado a B.iblioteca, np louvável prepósito de se inteirarem, por observação directa, dos males enormes de que ela enferma, de forma a cons-ciontomente se poderem determinar acerca dos remédios que carece, teriam feito bem e não teriam, perdido o seu tempo, se tivessem visitado, logo a seguir, a Escola de Belas Artes e o Museu de Arte Contemporânea, instalados, a Escola e o Museu, em condições tam más, poderia dizer tam criminosas, como a Biblioteca.

^Pregunto então à Câmara §e nós estamos em.- condições de fazer um edifício para a Biblioteca, que ó necessário, um edifício para a Escola de Bolas Artes, quo é preciso, e um edifício para o Museu, que ó Juuispoutsúvr-l, eucontrando-nos com um defcit orçamental que excedo o orçamento das rocei tua?