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Sessão de 21 de Maio de 1920

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O Orador : — Ninguém pode ter a mais pequena dúvida de que a situação do país é desesperada.

Apartes.

O Orador: — Se a Câmara quere ficar contende dizendo eu que a nossa situação é magnífica e que estamos nadando em dinheiro, eu digo isso.

A minha obrigação porém é dizer as cousas como são. (Apartes).

Diz-se que se deve ir buscar dinheiro onde o houver, mas eu digo que mesmo que assim se faça, esse dinheiro não chegaria para atender à nossa situação aflitiva.

A primeira cousa que temos a fazer é atender às nossas condições 'para viver e ninguém pensa nisso, ninguém pensa que estamos à beira do abismo, tendo nós uma circulação fiduciária assustadora, de milhares de contos.

Em Dezembro passado, o Ministro das Finanças de então veio dizer que a situação era grave pelo agravamento do câmbio, e de então para cá ela não tem melhorado, e nós neste momento não achamos nada melhor para resolver essa situação do que ir construir um edifício para a Biblioteca e ir dar dinheiro aos funcionários administrativos.

O Sr. Alves dos Santos:—j É notável o horror que S. Ex.a tem às Bibliotecas!

O Orador: — O que me preocupa é a inconsciência com que este parlamento pensa em distribuir dinheiro, não olhando à nossa situação.

O Sr. Alfredo de Sousa (interrompendo) :— Todos os funcionários foram aumentados, só filtam os funcionários ad-.ministrativos. (Apartes).

O Sr. Presidente:—Peço aos Srs. Deputados que não interrompam o orador.

O Orador:—Eu não convencerei ninguém, mas há toda a conveniência em ferir esta nota* (Apartes).

Sr. Presidente, representa simplesmente o nosso descrédito: a situação em que nos encontramos de não pensarmos om aumentar as receitas e diminuir as despesas, o que eu vejo, Sr. Presidente, é quo a Câ-

mara está um pouco agitada o que demonstra que não gosta de ouvir estas palavras amargas, e como tal protesta.

Isto, Sr. Presidente, faz me lembrar as crianças, quando se lhes dá um remédio amargo.

Sr. Presidente: dizia eu que em Dezembro do ano findo tinha vindo aqui o Sr. Ministro das Finanças de então, o Sr. Rogo Chaves, dizer-nos que a situação era gravíssima, a qual tem sido agravada de dia para dia sem se pensar em reduzir as despezas, sem se pensar em realizar o equilíbrio indispensável daquilo que podemos gastar, podendo mesmo dizer que temos estado a deitar o dinheiro pela jaaela fora.

brocam-se vários apartes.

O Sr. Presidente: — Eu peço a V. Ex.a o obséquio de interromper as suas considerações.

Pausa.

Faz-se silêncio.

O Orador: — Sr. Presidente: o que é verdade é -que vivemos numa ilusão profunda, dizendo que se vai buscar dinheiro a quom o tem.

Não, Sr. Presidente, nós desde o momento que temos estado a çleitar o dinheiro pela janela fora, não temos o direito de exigir sacrifícios a ninguém.

A primeira condição para fazermos tal, é trabajharmos no sentido de se aumentarem as contribuições e administrarmos os dinheiro s públicos dignamente.

S. Ex.'18 ouviram ontem aqui as declarações feitas pelo Sr. Ministro do Comércio, isto é, de que o país está a saque, o que é uma verdade.

Vozes: —,; Mas quem é que o saqueia ?

O Orador:—Eu, Sr. Presidente, não venho para aqui dizer quem é que o saqueia, mas a verdade é esta, o necessário é que nós nos convençamos disto e que vejamos a necessidade que há de fazer sacrifícios que devem ser enormes.