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Setsão de 28 de Maio de 1920

Lamento que o Sr. Ministro das Finanças tenha pedido urgência e dispensa de Regimento para um projecto de tam grande importância.

Diz o Sr. Ministro no relatório que lava as suas .mãos. Também poderia dizer o mesmo.

Não sei se S. Ex.a tem responsabilidade no passado. O que posso garantir é que desde que entramos na guerra, sempre protestei contra o facto de não se fazer política financeira da guerra. Não se procedeu assim. Não se fizeram economias. Deixando para mais tarde a arrumação da casa, o resultado foi chegarmos a esta situação, quási insolúvel. E agora é que se procura arrumar- a casa. De todos sou eu quem tem menor responsabilidade por esta desgraçada situação política e financeira.

Poucos se importaram com isto. Quási nenhumas vozes se levantaram no Parlamento c essas poucas não foram ouvidas. E agora vem alarmados dizer que o Tesouro está arruinado e à beira do abismo, que por isso preciso se torna acudir com urgência e decisão.

A urgência e decisão usadas pelo Sr. Ministro das Finanças fazem lembrar aquela terapêutica já antiga e posta de parte, em que o doente sofria hoje uma sangria, amanhã outra e assim sucessivamente, a ponto de ficar completamente exa.usto.

E preciso aumentar as receitas.'

A nossa salvação está em medidas de fomento.

O remédio está nas medidas de ordem económica.

Para o Estado exigir mais sacrifícios precisa de autoridade moral.

E pavorosa a nossa situação financeira, diz-se no relatório.

São formidáveis os nossos encargos de guerra.

Fazendo-se à comparação da situação do nosso país com aqueles que entraram na guerra, vemos desgraçadamente quo o nosso foi aquele que ficou com as finanças mais avariadas e complicadas, pois nenhum país tem o seu encaixe de ouro nas proporções do nosso.

A França, em Julho do 1914, tinha em ouro 4:104 milhòos de francos. A circulação fiduciária era do 5:914 milhões. Estava quási ao par.

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Em Janeiro de .1920 a relação é de 3 para 37, doze vezes mais.

A Inglaterra, em 1914, tinha, de encaixe de ouro 1:000 milhões de francos para 783 milhões de francos em circulação.

Em Janeiro a sua proporção está Daquilo que ó estabelecido para todos os bancos : um para três.

A Itália é de todas as nações latinas aquela quo, depois de nós, está mais agravada.

Ela tinha um encaixe de 1:105 milhões para 1:700 em circulação; depois da guerra ficou com um encaixe muito mais agravado.

Podia também citar a Áustria, a Alemanha o a Rússia, mas não quero maçar a Câmara, simplesmente para dizer quo a nossa situação é a pior do todos os países.

Nenhum .está na situação difícil em quo nos encontramos, se compararmos a proporção entre as dívidas e o capital, o capital de riqueza social, que como V. Ex.as sabem é sempre difícil do apurar, principalmente quando as estatísticas, como as nossas, falham por completo; mas ou sirvo-me dos cálculos do Sr. Anselmo de Andrade, no seu YIVTQ Portugal económico.

Se fizermos essa comparação, os resultados são bem tristes.

Todos os outros países estão numa situação muito mais desafogada.

Sr. Presidente: este facto mostra à saciedade quanta imprevidência houve da nossa parte nestes excessos constantes de despesa, como se estivéssemos em.festins de Baltasar permanente.

Isto foi um regabofe.

A arca do Tesouro parecia que não tinha fim.

A cornucópia das graças despejava-se para todo e qualquer bichocareta.

E pregunto eu :

£ Depois duma administração tam im-previdonto. como esta, o quando, ao contrário do nosso, todos os p aí sós estão procurando roduzir as suas despesas, dispensando todo o possoal supérfluo o inútil, com que autoridade podemos exigir ao país tremendos sacrifícios, emquanto não pusermos em prática aquelas medidas que são necessárias para garantir o nosso cródito perante1 o estrangeiro e a Naçak)?