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V. Ex.?s não podem dizer que li mal o que vem neste relatório e nestas propostas.

O Sr. Ministro das Finanças (Pina Lopes) : — Não ó isso que se está a discutir . agora.

O Orador:—Bem sei. As propostas de V. Ex.* são por mím aplaudidas na boa intenção que as inspirou, mas por isso não deixo de entender que devem ir às comissões.

Eu fui pessoalmente à Associação Comercial assistir à reunião, para observar a psicologia daquela gente neste momento.

Notei que existe revolta, que se insurgiram contra a proposta, mas notei que lá havia o mesmo sentimento que existe no povo, de fazer sacrifícios, sob condição, porém, de que lhes garantam o bom êxito e eficácia dessas medidas. (Apoiados), jíi preciso que não se façam esbanjamentos como se têm feito. (Apoiados),

O Sr. Ministro das Finanças (Pina Lopes):— Quando for da discussão do Orçamento eu aprovarei todas as propostas de redução.

O Orador:—Ouço dizer a todos que a situação é muito grave, mas ao mesmo tempo, como ainda há pouco, fez o Sr. António Maria da Silva, confirmar que, embora grave, não é asfixiante, que ainda temos recursos.

Não vejo bem esses optimismos, confesso-o.

A situação não está clara.

Vou completar um pouco.

O País tem de fazer sacrifícios, neste ponto não há discrepância. Mas é necessário que se adoptem medidas ainda nEo tomadas até este momento.

Em 1918-1919 o déficit previsto ora de 3:421 contos.

O actual déficit provável é de 115:063 contos, o que representa, em relação a 1918, um aumento de 3:263 por cento.

Os encargos têm aumentado enorme-mente, numa inconsciência deplorável!

Só duma vez o aumento foi de 20:000 contos com a ajuda de custo de 40$ a cada funcionário.

Estes 20:000 contos foram dados de mão beijada, numa errada distribuição

Diário da Câmara dos Deputado»

sem cálculo, nem estudo, nem espírito de justiça, sob pressão, depois da greve do funcionalismo. Podia e devia ter-se concedido esta ajuda de custo, mai§ a tenrpo e assim ter-se ia feito uma distribuição mais equitativa. Todos ficaram recebendo por igual, mesmo aqueles que já tinham demais, e bem dispensavam a ajuda, eni-quanto para outros, 40$ foi insuficiente!

E quantos há a quem a crueldade dos homens não permitiu receber.

Um país que tem um déficit desta ordem, não pode continuar a ser administrado arbitrariamente.

Tom sido aqui votadas cousas extraordinárias.

Ein todo o caso afloremos ao de leve a situação geral.

£0 que fizemos desde 1914 a 1919?

A Inglaterra aumentou a sua dívida 1:039 por cento. Foi o país que mais a aumentou. Não haja dúvida. Todayia é a Inglaterra o país que está em melhores circunstancias depois da guerra. Esses 1:039 por cento, de aumento da sua dívida pública, foram o resultado de empréstimos feitos a outros estados beligerantes. Portanto é dinheiro que tem a rehaver, dos empréstimos feitos às suas aliadas e às suas colónias.

Se aparentemente a Inglaterra foi o país que mais aumentou a sua dívida pública, é também aquele que nosto momento está em condiçOes financeiras, porque tem de rehaver esse dinheiro na sua maior parte dos credores.

A França que viu os seus territórios do norte talados pelo inimigo, aumentou a sua dívida apenas em 524 por cento. Portugal que quási não sentiu a guerra, que só soube materialmente. da sua existência pelos barcos metidos no fundo e por uns pequenos ataques, ali no Funchal, mais nada, aumentou a sua dívida em 140 por cento, émquanto o Japão que teve uma guerra efectiva e contínua a sustentar campanha na Sibéria, aumentou a sua dívida apenas em 5 3/io por cento!

Isto com relação aos países beligerantes.

Com os países não beligerantes a comparação é igualmente interessante.