O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de l de Junho de 1920

21

competentes, exigindo depois 50 por cento de despesas de administração e deixando ao abandono os indígenas, que nalgumas das províncias ultramarÍDas já atingiram a civilização precisa para exercer funções públicas, ao contrário do que se faz nos principais países coloniais da restante Europa.

Este estado de cousas tem de acabar; é necessário restituir às colónias tudo o que llies pertence; nós temos de cuidar a valer da sua autonomia. Não me alongarei por agora no assunto, mas quando se transita, como eu transitei, .nas colónias partuguesas e nas inglesas, encontra-se uma grande diferença; distinguem-se bem.

O Sr. Paiva Gomes: — Isso está agora inteiramente mudado.

O Orador:—Não falemos nisso que é melhor; eu conheço bem o assunto.

Sr. Presidente: vou concluir porque não me quero alongar sobre tam melindroso tema, em que as nossas responsa-bilidades dificilmente se justificam.

A tese é esta: o País, disse o Sr. António Maria da Silva, está a saque. E vê-so que assim é pelo que se tem apurado a respeito de abastecimentos e pelo que o Sr. Ministro do Comércio e Comunicações, com o seu espírito justiceiro, está praticando, não hesitando em proceder seja contra quem for, tendo ido já até a prisão de apontadores e outros funcionários de obras públicas.

Vê-se perfeitamente que o País está a saque e, além disso, muito desmoralizado.

Nós, os socialistas, queremos que se arranque ao capital tudo o que for necessário à vida do País, mas queremos também que isso se faça por uma maneira moral.

Para o sabermos ó necessário que entremos no caminho da melhoria moral, intelectual, administrativa, económica e financeira do nosso País.

Por consequência, e não desejando levar mais longe as minhas considerações, eu repito que para nós, socialistas, a proposta dos lucros de guorra seria insuficiente em tempo revolucionário porque queremos mais; fora de revolução, nós então não a aceitamos às propostas som qu« primeiro baixe às respectivas conuV

soes a fim de que elas dêem o seu parecer técnico sobre o assunto, de modo a podermos apreciá-las convenientemente.

É necessário, porOm, que isto se faça depressa e para as comissões darem o seu parecer eu marco-lhes o prazo de vinte dias, não estabelecendo um prazo mais curto porque cada uma dessas comissões, que são três, não poderia emitir a sua opinião em menos de cinco ou seis dias.

Estas três séries da proposta andam invertidas porque, afinal de contas, declara-se logo no princípio que o essencial é arranjarmos a casa, pô-la em ordem, isto é, indireitar as finanças, e que depois de se achar reorganizada a nossa vida anormal e caótica, então é que nos prometem as obras de fomento de que se nos fala neste belo cântico de soreia:

«Chegará então a hora das grandes medidas de carácter económico e financeiro ...

Será o momento de se iniciar a verdadeira reconstituição nacional, aliando as grandes obras de fomento às grandes operações financeiras.

Teremos chegada a ocasião de se iniciar uma nova política ferroviária, que deve ser precedida pelo resgate das linhas férreas que não são do Estado e que o G-ovêrno se propõe fazer o mais rapidamente possível; o momento de se fazer um grande esforço para se completar a nossa'viação ordinária; para atender à miserável situação das nossas estradas, às urgentes necessidades dos nossos portos e ao estado lastimoso das nossas vias navegáveis, etc., etc.»

Ora parece-me que era tempo do começam' ^ ;) fjilnr ao País a linguagem da YÍ r. u do ^ a tomar a sério a situação que procurei descrever com algarismos.

Estimarei que as minhas palavras não caiam perfeitamente no vácuo, como felizmente não caíram a propósito da Biblioteca Nacional do Lisboa, visto que o que então preconizei foi o que depois se entendeu dever fazer-se: votar a construção do novo edifício e uma verba para acudir à situação de momento. Bolativamente a esta proposta de lei, o

' quo peço é que ela baixo às comissões e que o Estado, antes de arrancar dinheiro