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Com o advento da República esperava-se que a nossa vida se morigerasse, mas, infelizmente, os factos e a experiência de nove anos provam que errámos nas previsões.

.tli porque o defeito não era da antiga constituição, nem da nova que adoptámos, mas dos homens, que continuaram a ser os mesmos, cheios de defeitos de educação.

i Nestes nove anos e sete meses de Ee-pública temos tido vinte e sete Mínisté1 rios, a dois Ministérios e quatro décimos por ano! (Risos).

; Tivemos seis Presidentes da República quando devíamos apenas tor tido dois de mandato concluído e uni em exercício, tendo sido um expulso e outro assassinado, som falar dum terceiro que morreu de desgostos e contrariedades!

Na pasta das finanças, que exige sequência, não se pode estar a mudar de ministros, sujeitos às eventualidades da política doentia que nos rege.

j Já temos tido trinta e sete Ministros das Finanças!

Isto não pode ser! j Não pode haver sequência administrativa com três e seis

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utjCiiliOs ue nliuisirus por uuu J (jmsos).

Mas se, em matéria administrativa, tenho ouvido e ouço por toda a parte que é necessário comprimir as despesas, reduzi-las e simplificá-la s j tenho visto com desgosto que continua a vertigem e a orgia do esbanjamento e até da delapidação, a despeito dos elixires preconizados com tanta insistência pelos salvadores da decantada Pátria.

No Orçamento de 1919-1920, quando precisamente já se falava tanto em comprimir as despesas, encontra-se um aumento de 13:530 contos para metralhadoras e mais equipamentos à guarda republicana, talvez para melhor metralhar o povo quando pedir pão. No Ministério da Guerra encontro 4:714 contos para material e 4:300 para construções militares, perfazendo estes luxos 9:014 contos, de esbanjamento desnecessário.

Nos serviços de reorganização da marinha também encontro 473 contos a mais para reorganização de serviços e três novas canhoneiras.

; Ora entendeu, e muito bem, o Sr. António Fonseca, ex-Ministro das Finanças, em 7 de Fevereiro último, que se fizesse

Diário da Câmara dos Deputado»

um abatimento de 7:121 contos do orçamento das despesas do Ministério da Guerra, mas a comissão no Orçamento, de que faz parte o Sr. António Maria da Silva, vem dizer-nos no seu parecer que 7:121 contos era um abatimento muito grande, e bastaria que se abatessem 4:128 contos!

O Sr. António Maria da Silva: — Não sou eu que o digo, note-se bem: é a comissão.

O Orador :—Perfeitamente. Mas do que se trata é do seguinte: o País não pode — e o País não é a Associação Comercial, nem a Associação Industrial ou de Agricultura ; o País é mais alguma cousa, o País é o conjunto disso tudo, com o proletariado.— O País não pode aceitar propostas que lhe venham arrancar mais dinheiro emquanto o Estado não prçvar, até à evidência, que está resolvido a enveredar pelo caminho da mais rigorosa economia. (Apoiados}.

Quem tem um déficit como o nosso não pode viver de ostentações. Os grandes países estão procurando a redução dos quadros dos seus exércitos; e nós, que nem somos beligerantes, não pensamos em nada disso, apesar de se ir já tornando indispensável.