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não há açúcar, não há feijão. Os estabelecimentos, mesmo as cooperativas, que são insuspeitas, não têm géneros para fornecer senão os que não estão sujeitos à tabela. E eu sou informado, por fonte de muita confiança, de que na cidade de Lisboa também já não há arroz. Tenho ido à Cooperativa dos Revendedores de Víveres, que fornece quási todo^ o comércio retalhista de Lisboa, e soube que desde o fim de Abril que não tem um grão de arroz, porque tendo-o encomendado e ficando mais caro do que o preço estabelecido na tabela, mandou suspender essa encomenda.

Se esse procedimento parece à primeira vista egoístico, o certo é que o bom preceito comercial manda que só não compre por dez para vender por oito.

O que se dá com o arroz dá-se com outros géneros alimentícios. O próprio carvão vegetal, que no Porto tem pouco consumo, já desapareceu completamente, e em Lisboa também já se nota a sua falta. Decretar tabelas de preços para produzir estes factos, era melhor não decretar cousa nenhuma.

Prcgunto: ,£ jLem o vjGvSrno pos&ioiii-dade de decretar uni preço de tabela para se não acentuar mais a desvalorização da moeda, não podendo desce- de a?? Se o GovGrno pud.esse conseguir isso, en-• tão sim, a vida não encarecerá.

Mas tratando-se dum processo já experimentado trinta mil vezes, o que não tem dado resultado, o procedimento do Governo qae o adopte não pode ser classificado senão de chantage para armar à simpatia das multidões.

Como consumidor, prefiro o comércio egoísta a medidas governamentais verdadeiramente imbecis, como têm sido as medidas dos nossos Governos no tocante a subsistências.

Aí temos, por exemplo, a moagem, que prefiro hábil o gananciosa a coarctar-lhe a faculdade de importar directamente o trigo. E o Governo só conseguiu, com 'as suas medidas, castigar o consumidor com pão mau. Ainda não há muitas sessões que o Sr. Hermano de Medeiros, distinto clínico, declarou bem alto que o pão está a envenenar o povo do Lisboa. Pois eu digo que está a envenenar o povo de muitas terras do país. Parece que o

Diário da Câmara dos Deputados

critério adoptado pelos nossos governantes é procurar que se fabrique péssimo pão para se comer menos e reduzir o consumo!

O Sr. Eduardo de Sousa: — j É o processo aplicado ao cavalo do inglês!.. .

O Sr. José Domingues dos Santos: —

i Se não morresse aos sete dias ainda estava vivo!

O Orador:—Há necessidade absoluta de o Governo modificar a sua tática em relação ao problema das subsistências, se não quere que o país, dentro de poucos dias, faça a revolução da fome.

O Sr. Augusto Dias da Silva : — Já faltou mais !...

O Orador:— São os próprios republicanos categorizados que cham.am ao Ministro que assim procede o Ministro da fome, e, a meu ver, chamam-no com justificado motivo, porque não se comproen-de"'que, a pretexto de se baratear a viola, se promova a completa exaustão do mer-

O Sr. Ladislau Batalha : —

O Sr. Ministro do Trabalho (Barto-lomeu Severino): — Isso disseram os monárquicos.

O Orador: — O azeite foi decretado a ç$90. Pois bem: desapareceu do mercado. E, segundo vejo nos jornais, foram presos uns condutores de eléctricos só porque trouxeram azeite de Matozinhos para o Porto e o venderam a 1(550. Não acho razão nenhuma para a prisão desses indivíduos, porque são os -próprios consumidores que o preferem pagar a esse preço a ficarem sem o género.

O ponto fundamental da carestia da vida é a desvalorização da moeda. Se o Governo está na disposição de regularizar o negócio das subsistências de modo a evitar qualquer hecatombe no país faça um decreto sobre as seguintes bases: