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Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Aboim Inglês: — Sr. Presidente: não quero deixar de fazer algumas considerações acerca da pouca compressão que sofreram os gastos na parte que diz respeito ao capítulo 1.°

E possível que eu não tenha.razão, mas notando o pessoal enorme que há na Secretaria Geral, eu verifico que há um batalhão de empregados, dando a entender que em nenhuma consideração se tem tido a necessidade absoluta que há de olharmos para os gastos tremendíssimos que fazemos com o'pessoal, não só deste Ministério, se não do todos os outros.

Não tenho, Sr. Presidente, a intenção de deixar de reconhecer as belíssimas intenções do actual Ministro do Comér-- cio.

Sei que S. Ex.a faz o que pode. E ao usar da palavra aqui, sobre este assunto, eu quero somente continuar a defender a necessidade absoluta que há de comprimir todas as despesas públicas, porque nós não temos rendimento para podermos sustentá-las no estado em que estão.

Há alguns meses eu pintei aqui, em cores bastante escuras, as dificuldades que já então existiam nas finanças portuguesas.

Muitos dos ilustres colegas alcimharam--nie do pessimista, mas ainda hoje eu creio que a maior parte não fazem idea das dificuldades em que vivemos e, seguranien te, sem que o Estado deixe de ter os meios.de pagar os ordenados, ninguém se convence que precisamos, e, repito, o que já disse aqui uma vez, encarar a situação bem de frente; precisamos ter a coragem cívica para irmos a todos os pontos onde possamos diminuir as despesas públicas e diminui-las.

Eu advoguei aqui, quando foi da supressão do Ministério dos Abastecimentos, que não devia validar as nomeações feitas ; eu advoguei aqui que se deixasse esse pessoal na disponibilidade ou na situação de ganhos mínimos; mas vem a discussão do Orçamento, e é irrisório que num capítulo em que há 123 contos de despesa, apenas se lembrassem de cortar 6 contos, j sendo 4 nos automóveis do Sr. Ministro L

Sr. Presidente: relativamente a automóveis, eu tive já ocasião de declarar aqui, bem claramente, que a forma como se gasta o dinheiro em gazolina e auto-

móveis em Portugal, representa um desperdício completo.

Eu sei bem que o tempo dum Ministro vale mais que 4 contos de economia, porque com os 4 contos, ele pode economizar muito mais; mas sei também que é preciso darmos o exemplo por cima, e cortarmos profundamente, porque a soma do dinheiro que se gasta com automóveis é fabulosa.

Vão passados muitos meses sobre o momento em que eu disse que era preciso acabar com este escândalo de todo o mundo andar de automóvel, e, realmente, é tempo de encararmos as questões como as devemos encarar, sob pena de irmos para o fundo.

Eu creio, efectivamente, que nós devemos comprimir mais as despesas deste orçamento, deste e de.todos os mais, porque assim adquireremos a autoridade precisa para irmos pedir ao País os sacrifícios que lhe vão ser pedidos. Eu quero que V. Ex.a me diga como ó que se deve ir dizer àqueles que produzem lá fora, que amanhã têm de pagar o suficiente para cobrir todas as despesas do Estado, com que autoridade se lhes há-de dizer que é necessário pagarem muitas vezes mais do que pagavam, quando nós apenas fazemos um corte irrisório nos orçamentos.

Eu não estou aqui para me enganar a mim mesmo, e como estou na disposição de levantar a minha pouca autorizada voz contra tudo o que não seja a mais severa economia, eu votarei contra este capítulo.

Tenho dito.