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Sessão de 29 de Julho de 1920

rizações ao Executivo — c o Sr. Presidente do Ministério • volta-se para o Parlamento e exclama que elo não deixa trabalhar o Governo!

Lembro-mo que, quando doutra situa cão era também Ministro da Justiça o Sr. Lopes Cardoso, S. Ex.a veio pedir ao Parlamento urgência e dispensa do Regimento para uma proposta de lei destinada a castigar os açambarcadores e a debelar a crise das subsistências...

O Sr. Ministro da Justiça (Lopes Cardoso):— Perdão! O que eu disse, foi que o problema das subsistências só podia ser olhado pela minha pasta sob esse aspecto!

O Orador:—Resumindo: o Parlamento deu ao Governo uma lei para castigar os açambarcadores, e o Sr. Presidente do Ministério vem hoje dizer ,que o açam-barcamento é legítimo!

Ficam os dois Ministros jungidos às suas responsabilidades.

O S,r. António Granjo entrou no seu Ministério e pregnntou aos directores gerais do seu Ministério aquilo que podia ter preguntado à sua cozinheira: o Há carvão?» Responderam-lhe que não havia.

Disseram-lhe: não há carvão; disse-rani-lhe: não há trigo ; "disseram-lhe: não há azeite; disseram-lho : não há manteiga ; disserarn-lhe: não há açúcar; e, então, armado com estas informações, vem S. Ex.a ao Parlamento e diz: não há nada disto.

E acrescenta: deixem-me legislar à vontade.

Sendo assim, não me é legítimo pre-guntar, como Deputado, para que quer S. Ex.a essas autorizações?

Começou o Sr. António Granjo por não encarar o problema das subsistências como devia ter encarado.

Falou S. Ex.a do problema do abastecimento das grandes cidades; do abastecimento geral do País esqueceu-se; falou--uos dos interesses de Lisboa; com os interesses do Porto « Coimbra já se preocupou menos; quanto ao resto do País, não se preocupou nada.

S. Ex.a não nos veio dizer qual a crise de subsistências do País; diz-nos qual o nroblema de Lisboa e sobre ôsíe proble-

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ma restrito do Lisboa apresenta-nos o problema pela forma comesinha e ridícula como no-lo apresentou.

Sr. Presidente: o Sr António Granjo disse cousas, mas, nem ao menos, soube tirar conclusões.

Disse S. Ex.a sobre pão, que era necessário aumentar o preço; sobre azeite, que era necessário aumentar o preço; sobre manteiga, que era necessário aumentar o preço; sobre carvão, que era necessário aumentar o preço; não falou S. Ex.ft de arroz nem doutros géneros, naturalmente porque no Ministério da Agricultura não lhe falaram neles.

De toda a argumentação de S. Ex.a, o que pode concluir-se é que a vida vai subir, e subir extraordinariamente.

Até que limite? Isso é que seria conveniente que, como consequência, o Sr. Presidente do Ministério viesse dizer ao País,

£ Quanto pensa fazer subir o preço do azeite e do arroz? 4até quanto pensa autorizar a subida do preço da manteiga e • do carvão? .

Eu pergunto, Aquando não havia lucros exagerados,, quando a lavoura vivia honestamente dos seus legítimos lucros, teve a lavoura à sua disposição quantias quo1 se aproximassem de somas que hoje possui?!

Temos de esperar que S. Ex.a apresente as novas tabelas, mas emquanto elas não vem os produtos irão sendo mais caros.

S. Ex.a fez as suas declarações, mas não disse o limite até onde vai subir o preço do azeite e do arroz, e também não disse até onde se ia aumentar o preço da manteiga, do pão e do' carvão. & S. Ex.a, nas suas sibilinas palavras, nada disso nos disse, e contudo devia-nos dizer, tendo a devida consideração pelo Parlamento.

Se isto é assim-, se a política do Governo ó essa, se S. Ex.a vai buscar géneros que vão para Espanha, comprimindo-os pelas respectivas leis, parece que S. Ex.a quer abrir uma válvula para o consumo, o o problema virá a ser assim posto.

Em França sustentou-se assim a conveniência do, só atonder ao problema da compra de produtos por um certo preço.