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Sessão de 30 de Julho de 1920

mitida a elevação da taxa de juro de desconto, porque se o tivessem feito, não estaríamos, talvez, nas condições em que estamos. (Apoiados).

Houve financeiros ' que. empregando testas de ferro, entraram a comerciar, especulando com tudo, e estavam dispostos a fazer tudo, contanto que o seu no-' me de banqueiro não fosse discutido nos mercados externos. Desse mal derivou um outro. E porque assim foi? Porque há criminosos dentro dessa instituição bancária. (Apoiados). E que havendo maneira de descontar facilmente letras, e até de fazer o desconto e redesconto, faziam-se stocks de grandes séries de mercadorias e produtos manufacturados, stocks que eram lançados oportunamente no mercado quando atingiam preços elevadíssimos, devido a sua carência.

Ora isso não sucederia, certamente, se não houvesse essa facilidade de desconto.

Quando Ministro das Finanças, procuraram-me várias pessoas e entidades, para me dizerem que a Inglaterra tinha dado uni prazo de 6 meses para o aumento da taxa de juro de desconto e que, por consequência, era justo que eu lhes desse algum prazo. Respondi-lhes' que não podia dar prazo algum, porque não tinha culpa que os meus antecessores nada tivessem feito, e assim poder-se ia salvar um certo número de instituições e melhorar a vida económica da Nação. (Apoiados).

• E fácil nesta terra de padrinhos e afilhados encontrar sempre três ou quatro criaturas que tomem a responsabilidade por este ou aquele acto. E, assim,; lembra-me aquela celebre anecdota: «V. Ex.a apresentou fulano de tal, f mas' quem o apresentou a V. Ex.a?» É a situação presente, é a situação em quási todos os Bancos.

Por isso, eu revoltei-me contra algumas palavras que foram proferidas nesta casa, pois que podiam ter sido demais, e nesta terra de assustadiços, podia haver uma crise grave; como me revoltei, sou também a dizer quo ó necessário que se reprimam todos os abusos.

São essas palavras que eu tive de repetir hoje, com o direito que ine assistia, certo do que as minhas providências se hão de mantor.

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E porque estamos entendidos, e porque aproveitei esta hora para proferir pala vras não sem significado, pois que fiquei muito aquém do que devia dizer, espero que neste período, que vai decorrer, até 15 do Agosto, se discutam e aprovem todas as medidas de que carecemos com mais urgência, para vivermos de cabeça erguida.

Estou certo de quo o Senado nos ajudará nessa tarefa, a fim de que o Parlamento produza trabalho útil e que se harmonizo com os muitos serviços que já tem prestado à Eepública.

Disse já o que achava conveniente dizer e, portanto, não me alongo em mais considerações.

Tenho a certeza de que o Governo tem a consciência do momento que atravessamos e que, por isso, não deixará de reabrir o Congresso no próximo inês-de Outubro. E o Governo pode também ter a certeza de que, seguindo o caminho» definido pelo meu partido, receberá dele o apoio que é assim condicional, mas lial-mente dado.

Mas, com toda a franqueza, declaro também que se trilhar caminho que nós reputemos inconveniente aos interesses-do país, esse apoio será retirado, embora, no Governo se encontrem dois corregilio-nários nossos, porque acima do Partido Republicano Português está o país e a segurança da geração actual, e até das que lhe hão de seguir-se.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Brito Camacho: — ST. Presidente: acaba de ser enviada para a Mesa pelo Sr. Ministro das Finanças uma proposta para que a Câmara aprove mais três duodécimos.

Estou sinceramente receoso de que'estes três duodécimos não sejam os últimos quo hajam de ser votados por esta Câmara, até 2 de Dezembro próximo.

j Sr. Presidente: não sei como se justifique o Parlamento perante o país!