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Diário da Câmara do» Deputados^

a pagar, iião juntando a acção às palavras, só o farão naturalmente depois da degola dos inocentes.

Dizia eu há pouco, quando me interrompeu o Sr. Cunha Liai, que lá fora, de lacto, tinham procedido duma forma inteiramente diversa, que o patriotismo era outro, o que, alôni disso, da parte dos poderes públicos se tinha seguido um processo inteiramente diferente daquele que se tem visto seguir em Portugal, adoptando-se aquela boa doutrina de que hoje a classificação dos impostos ou das contribuições não pode fazer-se simplesmente por aquela forma elementar de impostos directos o impostos indirectos, porque há impostos directos que incidem em indivíduos sobre quem não devem incidir, e há impostos indirectos que não são pagos pelos próprios, mas por aqueles de quem o Estado recebe directamente a contribuição.

Assim, na America e na Inglaterra, a classificação dos impostos obedece a outras bases, adoptando-se uma classificação diversa do impostos sObre riqueza, sobre transacções comerciais, permutas, etc., no sentido mais lícito da palavra.

Nos Estados Unidos fez-se urna distribuição equitativa dos encargos fiscais, afirmando-se ainda que na Gran-Breta-nha os resultados ainda foram mais proveitosos, sob o ponto de vista de distribuição equitativa do imposto; aí o contraste ainda é mais flagrante.

Aqui tem V. Ex.a, Sr. Presidente, Sr. Ministro das Finanças e meus ilustres colegas, algumas das ideas que eu julgo fundamentais para administrar este país e as razões que me determinaram a apresentá-las, por julgar que são as mais conducentes não só à obtenção dum quantitativo aceitável como à distribuição mais aceitável desses mesmos impostos.

Só depois da Kepública, em 1913-1914. 1915-1916, se conseguiu o resultado que só foi obtido por Passos Manuel e Dias Ferreira, resultado obtido por um processo diferente, embora o processo Dias Ferreira fosse nobilitante.

Seja como for, era uma administração cuidada, e não só pode dizer feroz porque muitas quantias passaram pela malha. Mas quando comparamos a obra dessa época, que chamo luminosa, com as administrações de agora, apesar dos cui-

dados que se querem ter, eu vejo que há uma grande diferença.

Nós vamos pedir à propriedade rústica quantias tremendas, quando há criaturas que tornam a vida incomportável, e nada pagauí dos sous lucros, quando muitos lavradores se tornaram comerciantes, porque assim é que ganhavam fabulosa-mente e quando na uma tabela para os trigos, e não há tabela para muitos outros géneros.

Quando o trigo é um produto mais variável que outro qualquer na sua produção', quando o Sr. Presidente do Ministério diz que se deverão aumentar os salários, porque aí está o remédio para a carestia da vida, eu entendo que não é justo ir dizer à lavoura que pague mais do que paga. (Apoiados).

Da má situação da lavoura eu posso apresentar exemplos. Posso citar o que se passa com o Douro.

Porque no Douro se vendia uma pipa de vinho por uma determinada quantia, e hoje os lavradores têm tido nessa venda maiores lucros, vão-lhes pedir uma maior contribuição, sem contudo se importarem corn rnuitus oulros que tanto fizeram aumentar o custo da vida. .

Se nós formos dizer ao Algarve que tom de pagar mais contribuições pelas suas produções, eu tenho a certeza de que se vão provocar grandes protestos, e bom será que sejam só protestos, e ninguém pode ter dúvida que se irão criar maus dias para a República.

Para mim não quero uma tal responsabilidade e chamo a atenção do Sr. Presidente do Ministério e da Câmara para este aspecto qne pode resultar de se ir tributar assim o povo, deixando livres aqueles portugueses que têm provocado a alta dos preços dos géneros.

Pense a Câmara na responsabilidade de ir tributar o Douro, o Algarve, as Beiras, deixando livres essas criaturas que fizeram negócios tremendos.

A Camará não deve ficar com essa responsabilidade, por uma birra, e por falta de coragem de resolver a questão da tributação da riqueza e dos lucros indevidos, não resolvendo a questão económica e financeira, que não ó uma questão de um partido, mas de todos.