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Sessão de 18 de Outubro de J920

Conseguiu-se firmar um contrato em -virtude do qual se garante o íbrnecimen-•to a Portugal do 20 a 30 toneladas de •sarvão por preço inferior ao que se está Tendendo actualmente no mercado, carvão -esse que. foi obtido em condições muito boas e que servirá para o Governo regu lar o preço do respectivo artigo.

Também se está estudando a questão -do trigo c doutros géneros que se tornam indispensáveis à vida, de fornia que Portugal se possa fornecer desses géneros em condições mais vantajosas para o Tesouro Público, em condições de o Estado não se ver na necessidade, para os adquirir, de fazer compras de cambiais.

Podem também, dentro em pouco, por •virtude das diligencias que se estão fazendo, os dois importantes géneros de consumo, —arroz e bacalhau— baixar sensivelmente de preço.

Nunca fiz declarações no sentido do que o bacalhau se podia vender a pataco c o arroz a três vinténs, mas a afirmação que faço, 'é que, por virtude de diligencias do Governo, estes dois- géneros, em .curto prazo de tempo, se venderão por TI m preço sensivelmente mais baixo.

Preciso referir-me às greves que se -têm sucedido em Portugal depois do encerramento do Parlamento, e especialmente às duas greves, marítima e dos ferroviários, dos quais resultou, em certo 7iiomento? quási a paralisação completa de comunicações.

A greve dos marítimos resolveu-se, -corno não podia deixar de resolver-se, pela manutenção do decreto que regulava o assunto, pelo prestígio do Governo; mas a greve dos ferroviários não pôde resolver-se cora o mesmo espírito de conciliação que animou os marítimos e o Governo.

Devo declarar que a greve ferroviária se doclarou cm Portugal na ocasião em que- fia se tornava das mais perigosas, porque afectava em extremo a economia 3iacional.

Fez-se isto sem atenção pelos interesses tias outras classes e pelo bem público.

O Governo ioui pi-lus ferroviário» aquela consideração quo não ó apenas a que ó devida a qualquer classe, porque todas ns classes merecem do Governo carinho, ítfocto o consideração.

O Governo mio oaquocou quo o^saelas-

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se contribuiu om grande parte para a proclamação da República.

Sei perfeitamente que, se amanhã a República se encontrar em situação difícil, no coração da classe dos ferroviários existe ainda, e há-de existir sempre, um afervorado amor pela República, que eles não poderão esquecer. Por isso mesmo o Governo nunca se negou, nem se negará, a tratar com os ferroviários, nem se negará a encontrar qualquer plataforma, dentro da qual se possa transaccionar com aquela dignidade que o Governo é obrigado a manter.

E singular que esse sentimento de dignidade, que deve ser tanto mais forte quanto mais alta é a situação e mais são as responsabilidades, seja invocado pela própria classe para não retomar o trabalho, dizendo que o não retoma de cabeça-baixa. ,jComo é que se pode invocar ôsse pretexto para não retomar o trabalho, quando foi o Governo que pela sua própria iniciativa publicou os decretos, pelos quais 'pretende dar solução, embora transitória—porque todas as soluções são transitórias em relação a este assunto?

Davam solução à greve esses decretos, pois que se concedia o aumento que está dentro das posses do Tesouro Público.

O Governo não quere, em relação aos ferroviários, soltar palavras de comando, nem quere praticar actos que possam ser profligados por qualquer pessoa, mas o Governo exprimiu de alto o seu pensamento, para que todos contendam. È para lamentar que se esqueçam tam facilmente os interesses nacionais, quo se pense exclusivamente*, egoísticamente, rios interesses apenas de uma classe, e precisamente na ocasião em que mais perniciosos efeitos produzia a greve, porque, como já disse a V. Ex,a, as mais lamentáveis conse-qúôncias podiam advir e já dela advieram.

Devo lembrar que a greve ferroviária não foi geral; quo os ferroviários doutras companhias não. foram para a greve, e que esses ferroviários se acharam satisfeitos com os aumentos que lhes doram as respectivas companhias, em virtude do G-ov&rao ter autorizedo o aumento de, ta-riftm.