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Esses 30:000 homens, concentrados- nos quartéis, vão perturbar a vida económica da Nação; este é o facto.

São 3:000 contos para gastar à larga, debaixo da rubrica da ordem pública.

Para onde> vamos? Dados os nossos hábitos políticos, estou convencido do que havemos de gastar nessa mobilização milhares de contos, tanto pelo Ministério da Guerra como pelo Ministério do Interior, «oca a guarda republicana. Isto vai prejudicar não só o- prestígio do Governo como o das iastitniçõe&. E para qu&?

Já estou habituado com a resolução •das greves. Havemos de atender as ré» clamaçõtís dos grevistas e pagar-1-hos os •dias do grove.

Disse o Sr. Ministro da Guerra que eu queria pôr- a questão política. Se quisesse pôr a questão política, apresentava-a- de-sassombradamente; Neste- momento não voío o-crédito porque não tenho confiança alguma ao Governo.

Eu digo a T, Ex.a que um dos factores mais poderosos para a desordem pública em Portugal é a maneira como o Govôrno se conduziu o se está' conduzindo, j Eu exclamo : há quanto tempo é que se falava, mi greve dos ferroviários l Lembro mo até que nas alturas em que rebentou o conflito entro o Governo e as forças vivas, do Ministério da Agricultura já havia conferências entro o Sr. Ministro do Comércio e os empregados dos caminhos • do ferro, aparecendo constantes' notas na imprensa. Vi depois que o Govôrno foi convidado, pon intermédio dos seus representantes, a ir a uma reunião •dos ferroviários ouvir as suas: reclama1-coes. E não mo- cons-ta que1 o Sr. Ministro do Ooinéroia, representante do Govôrno, se- manifestasse nessa- reunião •duma maneira- completamente1 diferente diis reclamações- que. eram apresentadas paios ferroviários-; peltcoontrário, afirmaram os joraais/e-a- classe ferroviária que o Sr. Ministro do Comércio es-teve quâsi inteiramente' de acordo com as-reclamações desse pessoal, tendo assistido impas-sível à- oxautoraçfto completa do Conselho, de Administração,, sobre o qual carregaram, dumas maneira funda o,& ferro--viários do Sul. e. Sueste. .

Não vi que. a. Sr. Ministro do Comárr «ÍQ.asíclaroeesse.-a» situação e expusésseis más circunstâncias em que o Tesouro>Pá*

Diário da Câmara dos Deputados

blico estava, como não vi que S. Ex.a, por qualquer fornia, tentasse impugnar a satisfação das reclamações dos ferroviários; antes, segundo dizem os seus órgãos, foi.até o Sr. Ministro do Comércio quem- disse que a classe se devia1 pôr em greve-, mas esperando O' momento que elo indicasse.

Ora se- o Governo vai- até realizar actos desta natureza, pregunto se é ele que tem ou não a responsabilidade da situação em que tomos actualmente o nosso serviço de transportes. E, por consequência, eu digo que a ocupação militar dos serviços ferroviários, que podia ter | sido uma garantia do Poder, foi uma provocação do Govôrno .aos ferroviários. (Apoiados).

Finalmente, quando nós julgávamos que a ocupação das estações e linhas férreas seria, emfim, se a- grove se declarasse,, j:á não< digo a normalização, mas um princípio de regularização dos servi-jos ferroviários, o que é certo é que ela deu apenas a paralização dos caminhos do ferro, a situação em que nos encontramos, não se tendo evitado em nada a sabotage.

Quero isto clizor que, GO ou fosso Governo, não tentaria actos de força contra gruvcs, só se quisesse desprestigiar o Poder? Não, porque eu reconheço que o Poder deve ser realmente Poder.

De resto, ou não sei como marcham os caminhos de ferro'. E um constante «dize tu e direi eu» entre as notas do Governo e as dos ferroviários. ;E se o prestígio do Govôrno • se mantêm desta fornia, eu não tenho autoridade moral para votar este crédito! (Apoiados).

O Govôrno deve manter-se -numa linha de conduta absolutamente em harmonia com ôsse< princípio de autoridade, o dentro dum caminho recto. O que não se compreende é o Governo dizer por um ! lado que se mantém intransigente e por outro lado dizer que venham os ferroviários falar com ele. Não há maneira de se sahir desta situação.

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