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Sessão de 22 de Outubro de 1920

Há pouco ouvi o Sr. Lúcio de Azevedo dizer que gastou dez dias para vir do Algarve até aqui, e assim tem sucedido a muita gente.

Diz o Governo que a vida está cara, e por isso entende que deve aumentar os salários, e, por consequência, atender as suas reivindicações, j Que autoridade tem o Poder para exercer pressão sobre as classes que não podem viver numa vida que não é normal!

Sr. Presidente: o Sr. Ministro do Interior veio-nos dizer que o movimento das greves estava articulado com movimentos internacionais.

S. Ex.a mantêm-so no vago, e mais nada nos diz de concreto.

Continuo a afirmar que o comedimento de linguagem deve existir em todos e, sobretudo, nos homens que se sentam nas cadeiras do Poder. Quem não tem elementos para fazer afirmações concretas não vem, com a sua autoridade de Governo, trazê-las u, público para delas tirarmos as verdadeiras ilações.

Já vi prender alguns altos magnates de companhias a quem se atribuía responsabilidade nos actuais movimento s grevistas, mas, dum. momento para o outro, vejo que esses homens são chamados e ouvidos, concedendo-se-lhes depois a liberdade condicional.

Nestas condições, mantenho o meu propósito. Não posso votar este crédito, e não posso votá-lo pela simples razão de que o Sr. Ministro da Guerra não me elucidou suficientemente. Mas, S. Ex.a tem uma maioria que o apoia, uma maioria que votará todos os créditos. Direi apenas a S. Ex.a: oxalá os seus 3:000 contos não tenham que somar-se às plataformas e transigências que com o movi-meato grevista se vão realiza^ plataformas

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e transigências que bem melhor seria terem começado antes da greve se iniciar.

Tenho dito.

O discurso será publicado na íntegra,, revisto pelo orador, guando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

0 Sr. Augusto Dias da Silva: — Sr. Presidente: j mais um crédito para ser esbanjado!

Como de costume, não vejo que êsíe Governo dalgum modo justifique o crédito que vem pedir à Câmara.

1 Não posso compreender que uma Câmara, quando se trata de obras de fomento nacional não consinta autorizações para créditos sem que as respectivas comissões dêem os seus pareceres, e per--mita que neste caso se esteja discutindo nma proposta sem parecer das comissões! É uma incoerência.

Sr. Presidente: afirmou o Sr. Ministro da Guerra, afirmação leviana, porque infelizmente na nossa terra os Srs. Ministros falam com uma leviandade espantosa, que a greve dos marítimos tinha sido influenciada por uma minoria.

£ Então S. Ex.3 pensa que a consciência dos trabalhadores marítimos está tam diminuída que pode ser facilmente influenr ciada por moia dúzia de criaturas?

Quem fez a greve dos marítimos foi o Governo de S. Ex.a

Quem fez a greve dos ferroviários foi o Governo de S. Ex.a

O agravamento do custo da vida, que o Governo tem provocado, é que originou essas greves.

Sr. Presidente : j é muito interessante a argumentação do Sr. Ministro da Guerra! S. Ex.a vem pedir um crédito de 3:000 contos para ocorrer a alterações de ordem pública.

Este Governo paira a uma altura extraordinariamente grande, vive na lua. 4Então o Governo pensa que as alterações de ordem pública se esmagam com a tropa? Não, Sr. Presidente; esmagam--se com a inteligência.