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Sessão de 8 de Novembro de 1920

E por isso que reclamamos, e não hão-de passar os contratos sem o nosso protesto. (Apoiados).

Não; não somos indivíduos que tenhamos medo seja de quem for, quando dentro de nós existe o amor da Kepública, e o amor do País, que sentimos, e um pouco de inteligência para julgarmos dos contratos.

Sr. Presidente: eu não quero cansar a Câmara, mas é interessante estudar a situação dos Bancos: Nacional Ultramarino e Portugal, em relação às receitas e aos encargos destes contratos.

E interessante, porque se veria que o Estado é tam miserável na'sua falência: o Estado reconhece a si próprio uma faculdade tam degradante, que estabelece cauções exorbitantes a qualquer altura, em relação aos pagamentos a fazer por esses Bancos.

Há momentos, até, em que, como caução, existe o dobro do dinheiro que é necessário, colocado nos Bancos.

E há, então, neste contrato, cousas que qualquer vê logo. Por exemplo: vejam V. Ex.a3 como são tratados os dinheiros do Estado, em relação aos depósitos que faz a moagem.

A moagem é obrigada, segundo o contrato, a entrar com determinado dinheiro, em escudos, nas caixas dos Bancos: Ultramarino e Portugal.

V. Ex.as vão à praça e vêem que qualquer depósito à ordem paga mais que essa percentagem.

Parece que tudo que é do Estado é mau, é degradante.

Mas há mais : segundo o contrato, só se fazem liquidações de três em três meses, £e então • qual é o jogo que essas casas podem fazfT?

Digam que se quero fazer um favor aos bancos, para que continuem as suas especulações mercantis, para que continuem as suas negociatas, mas não venham dizer que é o Estado que abre falência, não venham dizer que é o Estado que não tem crédito. Não têm confiança no Estado e, contudo, é o Estado que vai emprestar 6.000:000 de libras; é o Estado que vai abrir um crédito de 1.500:000 libras, para que Csses homens de negócios continuem nas suas especulações mercantis.

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E o Estado que vai salvar da falência essas casas bancárias. Ê espantoso que a função do Poder Executivo seja esta.

Todos nós nos devemos envergonhar de manter assim o Estado.

Nós, Parlamento, temos a responsabilidade de manter o Poder Executivo sem prestígio, sem a força suficiente, para nesta altura mandar os homens de negócios para casa e. realizar às claras, o que é leito às escuras.

Fazemos favores à moagem que rouba o Estado, para ela se lançar em especulações.

O Estado não tem dinheiro e vai dar o ouro vindo da agência financial do Brasil, para entrar nos bancos até a concorrência de 2 milhões de libras.

0 Estado faz estos favores aos bancos à taxa de juro de 3 por cento e continua arruinado, sem crédito.

Tenho seguido com toda a atenção a discussão brilhante feita pelos Deputados que nela intervieram e hoje julgo absolutamente difícil entrar na apreciação deste assunto, depois das declarações do Governo.

Mas, Sr. Presidente, a verdade ó que já não sabemos o que discutir, tantas são as confusões, tão variadas tem sido as conversas que o Sr. Ministro tem tido com os bancos.

jO país não pode estar à mercê das firmas que nesta praça exigem os carvões, exigem os trigos, como amanhã exigirão os navios!

Não pode ser!

Já se fala até nos caminhos de ferro.

Exigem tudo l

1 Quere o Parlamento proclamar a sua falência ante estes verdadeiros soviets ?

Então que venha um Parlamento desses soviets que interprete o pensamento altíssimo da Rua dos Capelistas.

Antes isso do que continuarmos a assistir ao espectáculo triste que estamos vendo.

Então nós, simples mortais desta terra, em frente dos soviets da moagem e que-jandos, abateremos os nossos princípios e agradeceremos ao Governo o ter apressado o caminho para a resolução de semelhante desideratum.

jEmquanto aqui estivermos, não S