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tfesaflo de 8 de Novembro de 1920

Touho a certeza de que não vou alterar o seu pensamento. S. Ex.íl disse:

«Eu sigo uma política de trigos com-plotamente diferente da que têm seguido as meus antecessores -A.

E o que-justifica os contratos. São os frutos dum pensamento govornativo, e esse pensamento revela que, com o ne-góeiu dos trigos, no ano anterior perde mós 5:000 contos.

Demonstrarei que S. Ex.a partiu duma base coniplotameate falsa.

O Minjstro já este ano perdeu muito mais dinheiro no negócio dos trigos do que nos anos anteriores.

Do facto não temos esperança de melhoria cambial.

Os Srs. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças bastas vezes nos têm apontado a situarão do país por uma forma tam trágica, que não há a esperar essa melhoria.

Imaginem portanto V. Ex.as que a actual situação cambial se mantêm.

Partamos da hipótese que o trigo ó comprado por preço barato.

No negócio do trigo, estando o câmbio a 10, o Estado perde 18:000 contos.

E se o câmbio vier para 8, como se diz, nessa hipótese, ainda com o preço base de 600 xelins, o preço do trigo será de $90 e o Estado perderá 92:000 contos.

Já vêem-S. Ex.a" que, da mesma forma que até aqui, o Estado continuará a perder dinheiro.

Quando o Estado começou a ser comprador de trigo, partiu da convicção de que iria ganhar. Houve mesmo um momento em que o quilograma de trigo ficava mais barato ao Estado do que este o vendia à moagem.

Depois, porém, deu-se uma deprçcia-ção cambial, e os.Ministros desde então não têm feito outra cousa mais do que procurarem acompanhar essa depreciação, ficando, no emtauto, sempre aquém dela.

O Sr. Presidente do Ministério e lá fora aqueles que tanta vantagem vêem no contrato dos trigos, procuram fazer a sua defesa, dizendo apenas que Oste ano não perderemos no negócio do trigo, quando u, verdade ó que talvez percamos 50 ou 75 por cento do que no ano

Mas imaginemos quo o raciocínio do Sr. Ministro tinha razão do ser.

Iiuagiucmos que se duplicava o preço do pão e1 que o trigo exótico seria, não a $44, mas vendido por $90.

4O que tinha isso com o contrato?

O facto de se perder muito -ou pouco, nada tem com o contrato.

^ Porque motivo se quere converter uma razão que é exterior à defesa do Contrato, na defesa do mesmo ?

Quanto à tal política do trigo, eu digo ao Sr. Presidente do Ministério que os seus contratos representam exactamente o oposto àquilo que seria para desejar.

Vejamos.

Sob o ponto de vista financeiro, â nos: sã situação caracteriza-se por este facto de andarmos pelo estrangeiro a mendigar empréstimos.

E um povo que está nestas condições, que não tem dinheiro para equilibrar a sua balança económica o que vê os seus câmbios dia a dia a depreciarem-se, ,jsabe a Câmara o que faz?

Come o melhor pão que se consome na Europa.

Pois esse povo anda lá fora, perante as nações que comem um pão que o diabo amassou a pedir empréstimos para comer umrpão mais que excelente;

E que é preciso manter à moagem a sua laboração máxima, para lhe assegurar os mesmos fabulosos ganhos.

A política do Governo devia ser exactamente contrária àquela de que usa.

Se não temos libras para comprarmos lá fora trigo, vamos às nossas colónias buscar milho, omquanto não se puder intensificar a cultura do trigo.

E se é preciso arranjar milhões de libras, não devemos ir depositá-las no Banco de Portugal ou no Banco Nacional Ultramarino, em favor da moagem; mas empreguemos dois ou três milho*es de libras na aquisição de material de caminhos de ferro, que permita trazer os produtos do interior até as costas de África.