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de 9 de Novembro de 1920

do Estado, que há fornecimentos feitos aos Transportes Marítimos do Estado, que há reparações feitas nos navios do Estado, facturadas por preços de tal maneira desviados do valor real das matérias primas empregadas e dos trabalhos reali/.ados, que, Sr. Presidente, se isso é verdade, grandes e autênticos crimes só praticam noste momento, crimes que, por honra nossa, por honra da República e para defesa dos dinhoiros que não sã.o nossos — mas do povo português — não devemos de forma alguma deixar impunes.

Sr. Presidente: vivemos nos últimos tempos em Portugal numa atmosfera de suspeições que asfixia, numa tempestade de lama que arripia os nervos de todas as pessoas que, como nós, se habituaram a esquecer os interesses próprios para só cuidarem dos interesses comuns. . Nunca, pela palavra escrita on falada, nem nas horas mais infelizes, nem nos momentos mais acesos da luta política em Portugal, eu me associei a os«as campanhas de descrédito que, por vezes, bem levianamente, se semeam acerca dos homens públicos do regime, levianamente baseadas em ideas falsas, mas, apesar de falsas, contribuindo para a criação dum fundo de preconceitos e suposições que, em última análise; vêm dificultar, e bastante, a acção desses homens e contribuir .para um tal ou qual desprestígio do regime.

Mas, Sr. Presidente, porque eu sou assim., não deixo, todavia, , de saber que alguma cousa de verdade se agita no fundo 3e tudo quanto se diz neste momento em Lisboa acerca deste assunto; pela qualidade moral das pessoas que me informaram e pela capacidade técnica dessas pessoas, não posso deixar de me bater aqui, com toda a energia, para que o Estado não pague sem que peritos e técnicos, absolutamente imparciais e honestos, verifiquem se ele tem de pagar o que lhe exigem ou se de .facto lhe exigem um valor inteiramente diferente e muitas vezes guperior às matérias primas empregadas e ao trab Jho despendido nas reparações a que se alude*

Depois,, ainda ontem, nesta casa do Parlamento, o Sr. Ministro do Comércio, ©m resposta a algumas palavras minhas, pondo concretament© a questão, prome-

teu à Câmara ir fazer um inquérito sobre o assunto.

Não compreendo o motivo porque se pretende habilitar tam rapidamente os Transportes Marítimos do Estado ao pagamento dessas importâncias.

Pois se o próprio Sr. Ministro do Comércio entendeu que as minhas palavras eram de tamanha gravidade que era mester inquirir e investigar, <_ de='de' estado='estado' acerca='acerca' do='do' grandes='grandes' se='se' débitos='débitos' lisboa='lisboa' dúvidas='dúvidas' cujo='cujo' habilitar='habilitar' são='são' tam='tam' a='a' os='os' em='em' valor='valor' real='real' levantam='levantam' p='p' marítimos='marítimos' pressas='pressas' transportes='transportes' satisfazerem='satisfazerem' estas='estas' porque='porque'>

Eu bem sei que há oficinas que fecharam e suspenderam os seus trabalhos sob pretexto de que o Estado lhes absorvia todos os recursos económicos de labora-ção; mas, se eu tiver de acreditar no que se diz, também sei que há fornecedores cujas casas, ein valores e maquinismos, de maneira alguma justificam os lucros que têm obtido.

A ter de tomar como boas as informações chegadas, segundo as quais há nesta matéria um conjunto tal de estranhas condições, a toma-las como verdadeiras, há da minha parte, da parte de toda a gente, direito a uma suspeição (Apoiados), suspeição que visa as verdadeiras causas desse conflito de trabalho.

Depois, isto não é novo na história dos conflitos de trabamo em Portugal e em todo o mundo, porque disso não podemos ter o privilégio de invenção.

A simulação da greve e do ZOC/C-OMÍ, como em todos os campos da actividade humana, existe. Sabe-o toda a gente nesta Câmara.

A actividade social, a actividade colectiva, a actividade nas próprias organizações operárias, determinadas tantas vezes por incentivos justos e dirigidas contra um sistema capitalista que, felizmente para a humanidade, entra em agonia, não impede que essas próprias organizações operárias por vezes nos apareçam desviadas do seu sentido.

Temos o sindicalismo, tipo francês, e temos outras organizações sociais das categorias profissionais.