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Quanto à parte financeira, foi muito bem posta peio !Sr. Mariano Martins.

Nós não sabemos quais as medidas financeiras que o Governo virá apresentar, de lornia que podem ir chocar-se corn a deste projecto.

O Estado está pagando em moeda forte aos funcionários e recebe em moeda fraca, e mais não sabemos onde o Estado irá buscar matéria tributária.

Se estes institutos precisam do auxílio reclamem-no ao Estado, como tantos outros.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Raul Tamagnini: — Ouvi com toda a atenção as declarações dos ilustres Deputados Srs. Mariano Martins e João Luís Ricardo, mas devo declarar que nenhum deles me convenceu. ' Em primeiro lugar trata-se de instituições altamente simpáticas e às quais a Bepública muito deve. Os asilos de S. João foram fundados por livres pensadores, e foram estos quem implantou a Kepú-blica.

Muitos dos homens que se têm sentado nas cadeiras do Poder têm desdenhado dos livres pensadores; pois essa falta de solidariedade fez com que os asilos de S. João tenham sido desprezados pelos Ministros do Trabalho, que lhes não têm dado o mais pequeno auxílio moral ou material.

Eu tenho conhecimento de causa, porque fui secretário do Asilo de S. João, do Porto, e sei bem as dificuldades com que luta essa casa de beneficência.

Quis criar oficinas e compraram-se as ferramentas necessárias; pois foi necessário torná-las a vender, porque não podíamos, por falta de recursos, continuar a manter essas oficinas.

Não me repugna acreditar que o povo português deixaria de. durante dois dias no ano, concorrer para este fim, e tenho a' prova disso no que aconteceu há pouco com a estampilha criada pola Junta Patriótica do Norte a favor das famílias dos nossos soldados, e essa estampilha ia de #01 até U.

Creio bem que este projecto não pode ir afectar a obra financeira do Governo. O que é necessário ó multiplicar as taxas das contribuições e actualizar a moeda,

Diário da Câmara dot Deputado*

e, se assim não fizermos, vamos para o fundo.

Não é, portanto, Sr. Presidente, essa esmola, que o povo dará de bom grado, que irá prejudicar a obra financeira do Governo, tunto mais que é apenas durante os dias 23 e 24 de Junho, o ultimo dos quais é feriado na cidade do Porto.

O Sr. João Luís Ricardo (interrompendo):—V. Ex.a dá-me licença? V. Ex.a fez há pouco a afirmação de que nenhum Ministro do Trabalho tinha dado nada para casas de assistência. O Sr. Domingos Cruz, que foi chefe de gabinete do Ministro autt-rior, acaba de me informar de que foram concedidos subsídios à Creche de Tomar e aos asilos de S. João.

O Orador: — Disse S. Ex.a que, pela pasta do Trabalho, alguma cousa se deu para a Creche de Tomar.

É verdade, mas S. Ex.a sabe, e sabe a Câmara, que 500$ são absorvidas em po-uco tempo, além de ser uma receita eventual. Isto foi uma esmola que se gastou, ao passo que por este projecto obtém-se uma receita permanente, que servirá para minorar as dificuldades coui que essas instituições lutam.

A assistência do Estado deve ser o subsídio permanente e não apenas a esmola de momento. A Creche de Tomar foi fundada por uma senhora quê é uma verdadeira benemérita portuguesa, que os Srs. Manuel de Arriaga e Bernardino Machado, quando Presidentes da Kepú-blica, honraram com as suas relações; era viúva dum livre pensador que no Brasil adquiriu alguns meios de fortuna^ que foi gasta na fundação desta creche. Depois de gasta toda va fortuna, retirou-se para sua casa, onde vive na maior miséria.

Esta ó que é a verdade.

Espero, pois, que o projecto seja aprovado para honra deste Parlamento.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Orlando Marcai: — Pedi a palavra para declarar que dou o meu voto ao projecto apresentado pelo Sr. Tamagnini Barbosa.