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Sessão de 3 de Dezembro de 1920

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a justiça de acreditar que age de boa fé, senão proteger os desejos insatisfeitos dos industriais que espantosamente têm enriquecido ; porém, o Sr. António Maria da Silva dá como essencial motivo da sua ruidosa intervenção no assunto e inflamado combate à disposição favorável ao povo de Gaia o facto de a julgar um princípio de excepção inadmissível.

Ora vou responder aos debilitados argumentos dos dois Deputados.

Mas releve-se-me, Sr. Presidente, que marque em breves termos a minha posição neste debate.

Tenho o dever de declarar que também eu, como o Sr. Leio Portela, sou oriundo da região vinícola, ali tenho interesses, por meu pai e irmãos, modestos proprietários, acrescendo a circunstância de que tenho demonstrado sempre, através da minha vida política, o.meu carinho pelo seu engrandecimento e defendendo as suas regalias.

Mas neste momento trata-se de reconhecer a justiça e o direito e em especial de dar todo o relevo ao bom nome e ao prestígio parlamentares, ao Poder Legislativo, que mercê dos constantes embates das paixões e aos sucessivos erros tanto se tom desmerecido e apoucado.

E assim, na minha qualidade de representante do círculo de Vila Nova de Gaia e consequentemente defensor dos direitos dos seus cidadãos, venho debater o assunto, num rasgado à vontade, com tanta mais franqueza quanto é certo que já declinei a minha posição independente, sem olhar a outros interesses que não sejam os legitimamente adquiridos.

Por consequência não posso deixar de estar em desacordo, combatendo os seus argumentos até os últimos sacrifícios, com o Sr. Leio Portela, autor do projecto de lei em discussão, que é antipático e criti-cável, e com o Sr. António Maria da Silva, que injustificadamente aparece como antagonista e contraditor dos direitos de que está assistida a edilidade de Gaia.

De tal maneira reparável ó a situação •dos mencionados parlamentares que me não furto ao comentário de analisar o iní-•cio desta questão, quando foi da primeira investida do Sr. Leio Portela, há tempo, ao apresentá-la por outra forma, cujos intuitos revelou, mas que em breve abandonou por inglória.

Foi porque a minha voz e a do meu colega Sr. Domingos Cruz se elevaram no protesto, porque a nossa oposição foi reconhecida razoável, porque os DOSSOS argumentos calaram no espír u "iv r.íUn-tes, sendo relegado às rés?: s et1 v i? co/iis-sões esse verdadeiro aborto, CM" r -a à imagem e semelhança do actue.!.

Surge agora novamente, eo*.i os mesmos intuitos, a campanha hostil aos interesses da Câmara de Gaia, e, consequentemente, contra a sua população, mas desta vez com a participação da esquerda democrática, pela responsabilidade do Sr. António Maria da Silva, que, por um capricho da sorte, vem de braço dado ao Sr. Leio Portela, pertencente à facção liberal.

Einfim, atitudes políticas interessantes, curiosas, pitorescas, dignas de registo.

Nestes últimos tempos, Sr. Presidente, os comerciantes de vinhos generosos, vendo que o projecto de lei do Sr. Leio Portela tinha sido reduzido às suas naturais proporções de insignificância, sepultado no coval da indiferença das comissões, e, por consequência, vendo quo .os seus ilimitados e insatisfeitos desejos estavam cm risco, voltaram na s.ua romagem a esta cidade, não desamparando os corredores da Câmara, acercando-se de tudo e de- todos, para lhes influenciar a necessidade da revogação da disposição da lei n.° 999, que protegia a municipalidade de Gaia, como depauperadora das energias criadoras da região durinse l

Apregoavam que nada havia que justificasse uma tal medida legislativa, que classsificavam de odiosa excepção, tal qual a afirmação actual do Sr. António Maria da Silva, pretendendo demonstrar que a Câmara de Gaia percebia mais do que necessitava, que lhe enchiam os cofres de dinheiro, sem que fosse preciso para melhoramentos, e que assim, se ela não fosse revogada, reduziriam a breve trecho à miséria o comércio de vinhos.

Vejamos agora a razão de ser do imposto e a justiça do patrocínio por parte do Poder Legislativo : — o concelho de Gaia é indubitavelmente um dos mais importantes do país, e até hoje tem sido de tal modo abandonado dos poderes públicos que apresenta um aspecto bem pouco lisonjeiro à consideração dos visitantes, na

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