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Diário da Câmara dos Deputados

Peço a atenção dos Srs. Ministros das Finanças e da Marinha.

O Sr. Leote do Rego:—Refere-se à situação económica e financeira do País, mostrando a necessidade duma compressão rigorosa das despesas públicas, por forma que o Estado adquira a autoridade bastante para exigir dos contribuintes novos e pesados sacrifícios. Considera excessivas as despesas feitas com a nossa representação à Conferencia da Paz, indicando algumas verbas para comprovar a sua afirmação e. apreciando os serviços prestados por algumas das pessoas que trabalham junto dos delegados de Portugal àquela Conferência. Entendo também o orador que, pela pasta da Marinha, só praticam desperdícios, mantendo-se em a?lguns dos seus serviços uma organização quo só o estado de guerra podia justificar. Refero-so ainda à situação dos adidos militares e navais no estrangeiro, pronunciando-se a favor da repressão desses cargos.

O Discurso será publicado na inteyra quando o orador restituir as notas taqui-grâficas.

O Sr. Ministro das Finanças (Cunha Leal): — Sr. Presidente : tenho de agradecer, em primeiro lugar, as palavras do -ilustre Deputado Sr. Leote do Rego. São palavras de amigo, são palavras generosas, lamentando apenas que a minha inteligência não corresponda ao elogio que dela fez S. Ex.a, e que, infelizmente, todos os esforços que eu possa fazer em benefício desta terra sejam contrariados pela deficiência da minha inteligência.

Agradeço, pois, essas palavras e con-sidero-as como de incitamento.

Não compreendi o Sr. Leote do Rego na parto que se referiu à compressão de despesas.

Evidentemente, não seriamos dignos de ser republicanos se não dignificássemos a administração da República.

Evidentemente, ela tem sido desordenada e caótica, mas o nosso esforço vai precisamente para a moralizar, para a colocar dentro das regras duma sã administração.

O esíôrço que V. Ex.a pede ao Governo está. ele exercendo-o dia a dia,.a todas as horas, sem reclame, honesta e sin-

ceramente,, e eu posso provar a V. Ex.a quo realizei todos os cortes, que, dentro das autorizações, me era permitido fazer. Descanco, pois, V. Ex.a que, pelo Ministério das Finanças como nos demais Ministérios, haverá o mais estrito cumprimento dos nossos deveres no que toca em matéria de redução de despesas.

Sr. Presidente: é preciso que a moralização na administração se faça dia a dia, é esse o^ trabalho que o actual Governo está fazendo, tendo de aumentar as receitas e, portanto, exigir sacrifícios.

Para isso, nós necessitíimos de iniciar um período do modificação nos nossos costumes, o a propósito devo recordar um facto a quo já me referi, qual ó o de ter de pagar todas as compras de trigos que se fizeram, sem que houvesse verbas consignadas no orçamento.

S. Ex.a aponta algumas deficiências;, tenha S. Ex.a a certeza de que, o mais rapidamente possível, essas deficiências serão remediadas, e não só essas mas todas que formos descobrindo, por meio duma fiscalização diária, uma fiscalização constante.

S. Ex.a colocou-se no verdadeiro campo, S. Ex.a apontou defeitos, mas S.Ex.a decerto há-de ser um poderoso auxiliar do Governo, no sentido de criar receitas.

Tenha S. Ex.a a certeza de que procurarei conquistar, através de todas as dificuldades e amarguras, o aplauso duma única consciência, que é a minha.

Desprezo todas as popularidades, quando essas popularidades me queiram empurrar para um caminho que não seja o da legalidade.

O que peço a todos é que auxiliem o Governo na obra de criação de receitas e compressão de despesas.

Tenho dito. . O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Marinha (Júlio Martins):— Sr. Presidente: ouvi as considerações que o ilustre Deputado Sr. Leote do Rego fez acerca do Ministério da Marinha, e, antes de propriamente entrar na resposta que vou dar a S. Ex.a, cumpre-me agradecer-lhe, como amigo e republicano, as palavras do boa amizade e incitamento que me dirigiu.