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Sessão de 14 de Dezembro de 1920

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terior deseja fazer a compressão das despesas públicas.

Sr. Presidente: não quero deixar passar esta oportunidade sem me referir à campanha que se tem feito na imprensa e lá fora, e que tem tido eco no Parlamento, relativamente às missões no estrangeiro.

Os factos que eu apontei foram sobre o ponto de vista impessoal, e apenas levado pelo desejo de contribuir para essa obra de saneamento, para restabelecer a verdade dos factos, sobre os quais eu posso elucidar a Câmara.

Falou-se aqui no adido militar em Paris, que é o Sr. Vitorino Godinho, ao. qual me ligam relações de afecto e de família, que me habilitam a restabelecer a verdade dos factos em relação àquilo que aqui se disse.

Esse funcionário tem, como qualquer adido, apenas três libras em ouro e o seu vencimento como oficial do exército português.

Só quem desconhece a vida duma capital, principalmente como Paris, é que poderá julgar excessivo este vencimento. A Câmara, em sua consciência, que aprecie.

Disse-se que a delegação estava instalada num rico 1.° andar, o que contrasta com a modesta instalação da nossa legação em Paris. Em parte é isso verdade, e só serve para lastimar a instalação dessa legarão, que 6 vergonhosa ao lado doutras legações de países com menos importância do que o nosso.

O Sr. José Barbosa (interrompendo): — A instalação ó pior do que alguns consulados das Américas centrais.

O Orador: — E necessário manter o decoro dó nosso nome no estrangeiro.

O Sr. José Barbosa : — A nossa legação em Londres creio que só tem unia secretária e três ou quatro cadeiras do Estado o O resto ó tudo mobília do Sr. Ministro.

— Efectivamente, se essa instalação não nos envergonhas é porque o Sr» Ministro emprestou mobília sua. Mas, fora disso, a nossa legação em Pa^ rio ostá instalada yergonb ocamente, e nuo

o está melhor, por exemplo, a nossa leto gação em Itália.

Entretanto, quere-se dizer que, a contrastar com esta miséria, há um luxo asiático na repartição do adido militar em Paris. Essa repartição, porém, não funciona em nenhum palácio, mas numa modesta loja, que está pobremente mobilada e tem o indispensável para a instalação dos serviços, porque, além duma sala de espera, tem um gabinete para o adido, um outro para dois oficiais que lá trabalham, e ainda um outro para outro pessoal, e nem sequer tem aquecimento, o que V. Ex.as sabem que é vulgar nas mais modestas casas de Paris. A renda dessa loja é de 6:500 francos por ano, e, só quem não sabe o que são as rendas em Paris, poderá dizer quo se trata duma renda excessiva, sondo, aliás, certo que essa casa não foi alugada pelo actual adido militar, mas pelo nosso malogrado colega neste Parlamento, o Sr. Ortigão Pores, quando foi para Paris e encontrou a dificuldade de instalar a sua repartição na legação.

Mas disse-se mais: que o adido tem dois secretários e dois automóveis. Ora não tem tal S. Ex.a dois secretários, porque nem sequer ajudante tem, visto que esse lagar foi extinto; tem apenas dois oficiais que trabalham na sua repartição, porque estão anexos ao adido para efeito de ultimarem os trabalhos do Corpo Expedicionário Português. E ó isto que consta no Ministério da Guerra, onde, em relatórios, está justificada a necessidade desses dois oficiais à face dos serviços que a essa repertição competem, simplesmente sendo pena que o actual titular da pasta da Guerra, por ter tomado conta da sua pasta há pouco tempo, não tivesse ainda ocasião de ler esses documentos para os citar à Câmara outro dia quando se ocupou deste assunto.

Quanto aos automóveis, realmente há dois para o serviço do adido, automóveis que eram do Corpo Expedicionário Português e que fizeram a guerra, mas apenas um deles está ao serviço, visto que o outro só serve em casos extraordinários, como o easo da estada em Paris dos nossos Ministros dos Negócios Estrangeiros.

Pelo que disse, já V. Ex.as vêem que,

se houvesse alguma cousa neste assunto