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Diário da Câmara dos Debutados

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isso era do inteiro conhecimento dos nossos Ministros dos Negócios Estrangeiros e da Guerra.

Todavia, afirmou-soN ainda que, não obstante os ganhos ^excessivos do nosso adido militar em Paris, se lhe tinha dado urna comissão de servido para que ele pudesse ganhar mais.

Vamos a ver em que consiste essa comissão de serviço.

Pelo Tratado da Paz criou-se uma comissão a que foi dada representação a Portugal e foi chamado para essa comissão o Sr. António Bandeira, que pediu que lhe fosse dado um técnico para desempenhar trabalhos dessa comissão, para a qual não tinha competência.

Entendeu-se que esse técnico deveria ser nomeado entre as pessoas que estavam em Paris, e assim foi nomeado o adido militar que estava em Paris, que recebeu uma gratificação muito inferior à ajuda de custo, se fosse uma pessoa do Portugal para lá.

Quando foram nomeados agora os Srs. Velhinho Correia, e Jaime de Sousa, alguns Srs. Deputados me preguntaram porque não tinha sido nomeado o Sr. João Chagas ou outro qualquer funcionário quo lá estivesse. Eu respondi que em minha consciência, entendia que não. Não devia ser nomeado quem lá estivesse, pois viriam 'depois dizer que oram tubarões.

E preciso dizer-se também que o Sr. Afonso Costa deixou de receber 10 libras por dia desde quê terminou a Conferencia da Paz;

Actualmente em Genebra não está como presidente, mas como representante do Portugal e recebo^ como tal, a respectiva ajuda do custo, ao que mo parece.

O quo é certo é que S.Ex.a, logo que acabaram os trabalhos da nossa delegação à Conferência do Paz, nada mais recebeu como presidente que fora daquela delegarão. Emquanto recebeu, nada auferiu a mais do que daquilo que já estn-vain recebendo os antigos delegados que foram substitfiídos.

E, Sr. Presidente, o Sr. Afonso Costa no exercício das suas funções de presidente da Delegação Portuguesa à Conferência ff a Paz procurou, sempre, dispensar o mais depressa possível o respectivo pessoal o exactamente porqito assim fez, é; que lhe tem sido movida grande campa-

nha. Se lá estivessem todos que queriam estar,, j á, não se falaria em tantos esbanjamentos. (Apoiados).

Foi assim, pouco ;a pouco, dispensando' todo o pessoal, Jpelo que, sucessivamente regressaram aos seus cargos, os Srs. António Bandeira, Batalha Reis, Freire de Andrade, Norton de Matos e outros.

Como o Sr. Melo Barroto, então Ministro dos Negócios Estrangeiros, disso no Senado, desfazendo campanhas dos jornais e dos mentideros políticos, ficou a nossa representação reduzida ao Sr. Afonso Costa, ao secretário geral e pessoal indjsperisável para o expediente.

Esse secretário geral passou a ser o Sr. Alfredo Nordeste, cujo nome desabrido tanto feriu a sensibilidade de alguns Srs. Deputados.

Ora eu devo dizer que o Sr. Nordeste é uma pessoa digna de toda a nossa consideração. '

O Sr. Nordeste ó um republicano desde os bancos das escolas. Exerceu o lugar de administrador em alguns concelhos do distrito de Aveiro, onde prestou, em ocasiões difíceis, grandes serviços à República. Foi depois nomeado oficial do Registo .Civil, para Vagos, onde exercia também a profissão de advogado. Mais tarde foi chamado para a escola de oficiais milicianos, onde se portou por tal íorma que não só foi o primeiro classificado do seu curso, como até mereceu um louvor especial,1 como deve lembrar-se o director daquela escola, o nosso colega Sr. Pereira Bastos. Coube-lhe depois o desempenho de serviço nas manobras feitas ao norte de Lisboa, comandadas pelo» Sr. Pereira.de Eça, onde também prestou valiosos serviços» Foi seguidamente para França e aí foi, efectivamente, na frase depreciativa dum Sr. Deputado, o chefe das lavandeiras, quere dizer: foi director' da lavandaria mecânica do Exército Por-tugu6s, lagar dado a oficiais da Administração Militar.

Se essa designação, depreciativa lhe cabe, com mais razão ela cabe também a quem superintendia nesses serviços que era o nosso antigo, colega, ò Sr. capitão Costa Dias, distintíssimo oficial e profes-u sor da Escola de Guerra.