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Sessão de 11 de Fevereiro de 1921

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as normas disciplinares, mandando uma censura ao Sr. major general da armada, sem o fazer cnnfidenciahnente.

Deixei seguir os acontecimentos, porque tinha o Parlamento para me explicar, e começou o Ministro a ser acusado de infringir os,regulamentos disciplinares.

Suprema cousa', a solidariedade!

Ah! Sr. Presidente, como já vivemos em épocas diferentes, apesar de não serem muito distantes! Dissolveu-se violentamente, numa legislação caótica, o corpo de marinheiros, e não se protestou contra isso.

Tiram-nos do quartel e entregam-nos ao Ministério da Guerra e não há protestos nem solidariedades. Atravessam as ruas de Lisboa desarmados, como trofeus de guerra amarrados ao carro do vencedor, e ninguém protesta nem se solidariza ! Prende-se o próprio comandante Cerqueira à ordem do Dezembrismo e não há protestos! Deportam-se os marinheiros da armada para as regiões inóspitas da África e ninguém protesta!

Só agora é que há solidariedades contra um Ministro que, dentro das normas disciplinares, quere que o prestígio da autoridade seja mantido e respeitado. (Apoiados).

O Sr. Leote do Rego (interrompendo'):— Poucos dias depois de bombardeada a marinha por Sidónio Pais, foi aumentado o vencimento ao major general da armada, aumento que ele aceitou e^recebeu.

O Orador: — Perfeitamente! Eu posso mesmo citar um facto que ouvi narrar, mas cuja autenticidade não garanto, porque não tenho dele a certeza. Consta-me, porém, que o Sr. major general da armada foi já preso por um polícia da Segurança do Estado e não houve protestos...

Mas, Sr. Presidente, continuando, devo dizer que começou então a má vontade "contra o Ministro. Principiaram os jornais a afirmar constantemente que as corbeilles do Sr. major general da armada abarrotavam de cartas, exprimindo a solidariedade com, S. Ex.a pelo seu alto gesto de"me ter pedido a demissão!

Depois deram-se factos mais graves e atentatórios, a meu ver, do prestígio e dignidade da República.

Demitido o Sr. major general da. armada, nomeei para esse cargo o almirante, Sr. Pereira Nunes. Tendo o maior respeito e consideração por esse oficial, declarei-lhe que o havia nomeado, depois do respectivo decreto estar já assinado pelo Sr. Presidente da República.

S. Ex.a agradeceu-me a prova de defe-rôncia que eu lho dava, mas afirmou-me que não podia exercer essas funções.

Respondi-lhe que a nomeação estava feita e que eu a mantinha; fizesse S. Ex.a o que entendesse.

S. Ex.a então apresentou-me o seu pedido de demissão de major general da armada.

O almirante Sr. Pereira Nunes não cumpria as ordens que eu, como Ministro da Marinha, lho dava e então eu aplicar-lhe-ia os regulamentos disciplinares.

Efectivamente, o Sr. Pereira Nunes enviou-me uni requerimento fundamentando-o em razões que não considerei procedentes e mantive o meu despacho, esperando que S. Ex.a o cumprisse ou não.

Andava eu nessa ocasião visitando os vários estabelecimentos militares.

Tinha visitado já os cruzadores Vasco da Gama, Carvalho Araújo e República, assim como o Departamento Marítimo do Norte, a Escola de Marinheiros do Norte e o Centro de Aviação do Norte. Restava-me visitar o Centro de Aviação Marítima de Lisboa. Fui lá. Tinha marcada a minha visita, havia de cumpri Ia. Ia acompanhado do chefe do meu gabinete e do meu ajudante de ordens.

Entrei. De hábito os oficiais costumam receber o Ministro com o comandante à frente.

No Centro de Aviação não estava à frente dos oficiais o comandante. Estavam formados os sargentos e as praças e, vendo um oficial perfilado, fiz-lhe o que fiz aos outros: depois de corresponder à continência militar estendi-lhe a mão cordialmente^ dando-lhe assim, como Ministro da República, a consideração que deve merecer um indivíduo que veste uma honrada farda. Estendi-lhe a mão, repito, e ele apertou-ma.