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Diári» d» Câmara, dos Deputados

Fazendo os meus votos por que S. Ex.a obtenha o maior êxito na sua acção go-vernativa, eu manifesto o meu pesar de não poder voltar a Moçambique comandando qualquer pequena canhoneira a verificar o esforço de portugueses doutros tempos, esforço que o alto espírito de S. Ex.a há-de constatar com profunda emoção, e a fazer tremular a nossa bandeira em todos os recantos onde ela infelizmente tam poucas vezes aparece.

Vozes:—Muito bem, muito bem.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Brito Camacho:—Não é positivamente por acaso que eu me encontro aqui, quási à hora de partir para Moçambique. Eu não podia retirar-me sem ter vindo a esta casa do Parlamento, ondo mo honro de ter assento, significar, senão tam publicamente pelo menos como eu entendia dever fazê-lo, a todos os meus colegas que me têm honrado, uns com a sua amizade, outros com a sua. consideração, os meus sinceros agradecimentos por todas as provas de estima recebidas, e ainda para lhes assegurar que, longe daqui, com eles trabalharei patriótica e devotadamente pela República.

Vindo hoje ao Parlamento pela última, vez até o meu regresso, longe estava eu de ouvir as palavras que acaba de proferir o Sr. Leote do Eêgo, e por isso mesmo eu tenho de agradecê-las, e agradeço--as com a maior comoção.

Eleito Comissário pela outra Ca s n do Parlamento, mal pareceria que eu aproveitasse esta circuntância fortuita para dizer à Câmara o que tenciono fazer como Alto Comissário da província do Moçambique. Soria talvoz, uma gentileza para esta Camará, mas podia ser um dis-primor para a outra que me elegeu, e na qual não tenho voz. Suponho, porém, quo me fazem a justiça de acreditar que ou não levo para a província de Moçambique nenhumas ambições de nome, nenhumas ambições de fortuna ou de relevo político, mas tam somente o desejo bem sincero e bem profundo de prestar ao meu país algum pequeno, mas eficaz serviço. (Aptia-

t/Otf).

Disse o Sr. Leote do Rego que são grandes, imensas, as dificuldades que vou encontrar na administração às. província.

Suponho que S. Ex.a nEo exagerou, mas tanto quanto uma boa vontade pode fazer para resolver tais dificuldades, eu espero que a Câmara acreditará que eu farei tanto quanto puder. (Apoiados). A competência, essa é apenas una hipótese admitida pelo Senado que me elegeu, e pelo Poder Executivo que fez a indicação do meu nome. (Não apoiados).

Sr. Presidente: já que tive de usar da palavra, e visto que se interromperam os trabalhos em que a Câmara estava para se tratar da minha pessoa, eu quero dizer com absoluta sinceridade que se levo para Moçambique uma grande confiança nos destinos do meu país e nos da República, eu levo também para lá uma g;?ande preocupação pelo dia de amanhã. (Muitos apoiados). E se eu sentisse, Sr. Presidente, — e nunca fui mais sincero em momento algum da minha vida! — se eu sentisse que a minha presença aqui podia de qualquer forma e medida contribuir para a resolução das tremendas dificuldades da hora presente, a Câmara far-me-hia a justiça de acreditar que eu renunciaria a tudo, e ficaria! Mas convenço-me de que a minha presença aqui, não sendo um estorvo, .não é, contudo, essencial, e que a província de Moçambique tem a ganhar, não com uma competência que mão tenho, (Não apoiados), mas com uma grande boa vontade inspirada no mais alto patriotismo. Os meus votos são para que, ainda em viagem, te.nha a notícia de que a crise política se resolveu duma r.ianeira satisfatória para todos, e que nós entramos de vez num caminho de administração e de elevada política, que, infelizmente, apenas por intermitências, temos tido desde 1910 a esta parte. (Apoiados). E não é por falta de vontade e dedicação patriótica que isso se dá, mas por um vício psicológico de quo alguns político? mal só apercebem, tanto mais que as circunstâncias ainda não foram bem difíceis e duma agudeza tal quo a muitos tenha tornado evidente o que para muitos outros é, há muito, da mais clara evidência.