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Sessão de 23 de fevereiro de 1921

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suponho que neste momento sobretudo as grandes colónias de África podem contribuir largamente para a regeneração da Metrópole sob o ponto de vista geral, mas com a indispensável condição de que a Metrópole queira regenerar-se. (Apoiados). Não vai nisto censura a ninguém, mas quero dizê-lo à Câmara, porque o facto é bem sintomático e justifica graves apreensões. .Nomeado Alto Comissário de Moçambique e tomando posse do meu lugar em 3 de Novembro, eu, que tenho de resolver graves problemas de administração, alguns dos quais de carácter internacional, parto amanhã para Moçambique sem ter tido com os Governos do meu país um momento de coversação.

Repito: não vai nas minhas palavras a mais pequena censura a quem quere que seja, mas apenas a constatação, dum facto profundamente lamentável, que eu desejo denunciar ao País na esperança que dessa denúncia resulte um pouco de contrição, para que ele jamais se possa repetir.

Os Altos Comissários têm largos poderes que lhes dão as leis, mas se eles, no exercício das suas funções, não procederem inteiramente de harmonia com a Metrópole, breve as colónias se transformarão em domínios cesaristas, o que seria grandemente prejudicial para a Metrópole e para as próprias colónias. (Apoiados).

Por isso mesmo eu não desejava partir de Lisboa sem ter com o Governo da Metrópole aquele entendimento que é indispensável haver entre quem governa superiormente e quem governa subsidiariamente. Infelizmente não o posso fazer. Pensei ainda em demorar a minha partida por alguns dias, mas em Portugal ó difícil contar por dias o tempo que duram as crises políticas, e demais começava já a correr com certa insistência que os Altos Comissários das províncias ultramarinas não passavam de Altos Comissários no Terreiro do Paço. Resolvi por isso não adiar a minha partida.

Terminando, Sr. Presidente, agradeço novamente ao Sr. Leote do Rego as palavras generosas e amáveis que me dirigiu e à Câmara a condescendência que teve em me permitir usar da palavra. A todos, a todos sem distinção de partidos com quem mantenho relações de amizade, ou simples relações de camaradagem, republicanos e patriotas como eu, protesto

o meu reconhecimento pela sua benevolência, na certeza de que encontrarão sempre em mini um colaborador dedicado e cheio de boa vontade na obra que par-lamentarmente tiverem de realizar.

O orador foi cumprimentado por todos os lados da Câmara.

O orador não reviu.

O Sr. João Camoesas: — Em nome do Partido Republicano Português associo--me gostosamente às palavras que acaba de pronunciar o Sr. Leote do Rego a propósito da próxima partida para Moçambique do Alto Comissário dessa província, o Sr. Brito Camacho. •

Apesar de todas as divergências havidas por vezes nesta Casa do Parlamento, deste lado da Câmara nunca se deixou de prestar justiça às altas qualidades de S. Ex.a, quer como republicano, quer como patriota, digno de ser apontado como exemplo (Muitos apoiados), e que. soube sempre pôr toda a sua cultura, toda a sua inteligência e todo o seu esforço ao serviço da renovação nacional.

Folgo em o constatar, falando num dos três homens que o movimento republicano trouxe às primeiras filas da vida política do meu país. Folgo de constatar que a dez anos da implantação da República esses homens se encontram na mesma situação de fortuna, um pouco mais abalados da sua saú^e, é certo, mas com a mesma decisão para porem ao serviço duma causa que é a da regeneração nacional toda a sua inteligência, saber e dedicação.

Que o seu desinteresse, abnegação e capacidade de trabalho sejam um exemplo para todos nós, são os votos com que eu quero terminar as minhas palavras neste momento.

Muitos apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. António Granjo:—Sr. Presiden-. te: parecia-me dispensável proferir também algumas palavras, em meu nome e no do Partido Republicano Liberal, acerca do Sr. Dr. Brito Camacho, que amanhã parte a desempenhar o elevado cargo de Alto Comissário da província de Moçambique.