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Sessão de 4 de Abril de 1921

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me ouvem e que são, sem dúvida, pessoas de grande mérito.

. Se a estátua de bronze que está defronte desta Casa pudesse animar-se, descer do seu pedestal e entrar por aqui dentro, é natural que José Estevão ficasse admirado.

Mas eu, por mim, eleito tanto contra vontade dos dominadores do regime que até o meu diploma desapareceu, e recebido cpni tam pouca simpatia por esta Câmara que só ao fim de mais de ano e meio se resolveu a proclamar-me Deputado, é que não tenho de que me admirar. A culpa é minha, não é da Câmara. Eu sou velho, e vejo aqui tudo cheio de gente nova. Mas isso só quere dizer que os novos têm o talento e os serviços que eu não tenho, a competência que me falta, que eles são um valor e eu uma inutilidade e que razão me assiste para dizer que não vim aqui fazer nada.

Sim, Sr. Presidente, entro nesta Câmara por respeito aos meus eleitores, que me elegeram tam espontaneamente que me julgo no dever de não os desgostar.

Mas reconheço a minha insuficiência para cumprir o seu honroso encargo, a minha inutilidade, perfeita inutilidade, dentro desta Casa.

Positivamente, os tempos mudaram.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (António Fonseca): — Ouvi desde começo as considerações do Sr. Homem Cristo, e por isso respondo a S. Ex.a, dizendo que transmitirei, fielmente, ao Sr. Presidente do Ministério as considerações de S. Ex.a Nem eu nem nenhum dos Srs. Ministros presentes poderemos elucidar o Sr. Homem Cristo, pois os assuntos que S. Ex.* tratou correm inteiramente pela pasta do Interior e pela Presidência do Ministério; mas, nas considerações de S. Ex.a houve expressões que nem eu nem Ministro algum .pode deixar passar em claro. (Apoiados). O Sr. Homem Cristo referiu-se a uma pretendida solidariedade criminosa, admitindo a hipótese do Governo se solidarizar com criminosos...

O Sr. Homem Cristo: — Eu falei duma forma geral, não me referi a nenhum membro do Governo.

O Orador: — O que posso afirmar a V. Ex.a é que nem eu nem nenhum dos

membros do Governo tem qualquer espé_ cie de solidariedade com criminosos, se jam eles de que espécie for; repito, transmitirei com a possível fidelidade e com a maior largueza, ao Sr. Presidente do Ministério, as considerações que V. Ex.a produziu, e o Sr. Presidente do Ministério não terá dúvida em vir elucidar V. Ex.a. O Orador não reviu, nem o Sr. Homem Cristo fez revisão das suas palavras de explicação.

O Sr. Ministro da Guerra (Álvaro de Castro): — Sr. Presidente, pedi a palavra para mandar para a Mesa a seguinte

Proposta de lei n.° 706

Senhores Deputados.—Tendo de se proceder à trasladação, para a Batalha, dos cadáveres dos Soldados Desconhecidos, mortos em combate na Grande Guerra, um na Flandres e outro em África e bem assim à prestação das homenagens devidas a esses heróis que tam nobre e denodadamente honraram a Pátria;

Sendo indispensável receber de uma maneira condigna as missões estrangeiras que nos distinguem assistindo à celebração desses actos;

Verificando-se a mesquinhez da verba votada pela lei n.° 1:099, de 31 de Dezembro de 1920 para realizar essa trasladação para o Panteão dos Jerónimos:

Tenho a honra de submeter à vossa apreciação a seguinte proposta de lei:

Artigo 1.° E aberto no Ministério das Finanças, a favor do Ministério da Guerra, um crédito especial da quantia de 600 contos destinado a despesas com as homenagens a prestar aos Soldados Desconhecidos mortos em combate na Grande Guerra, um na Flandres e outro em África e sua trasladação para a Batalha e bem assim para a recepção das missões estrangeiras que nos honram com a sua presença.