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Sessão de 8, 11, 12 e 13 de Abril de 1921

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grande tribuno, não podia deixar de ter sido um grande homem de acção!

E antes mesmo dele morrer, pelo que diz respeito à maneira parlamentar da sua actividade, nós tínhamos tido já ocasião de avaliar o que ele era.

A sua voz não nos acompanhou, infelizmente, desde o princípio desta sessão legislativa, e, com uma sincera humildade, se nós nos interrogarmos neste momento, todos temos de confessar, a nós próprios, que a sua palavra fez falta aqui, sobretudo para aquelas horas de solenidade em que ela era melhor do que a nossa, capaz de definir os nossos sentimentos.

Nenhuma voz como a sua saberia dizer-nos o sacrifício dessa parte da mocidade portuguesa que nos campos de batalha soube cumprir o seu dever.

E não foi um sacrifício perdido. Os nossos heróis, ao caírem na terra ensanguentada da França, ou nos areais escaldantes de África, rasgaram horizontes novos para Portugal.

Foram os profetas de uma renascença social possível, porque uma sociedade que tem filhos capazes de morrerem por ela, não é uma sociedade esgotada, ó sim uma sociedade que espera a intervenção de uma classe dirigente capaz para salvar as aspirações superiores da civilização.

Portanto, em nome do meu partido, associo-me com todo o sentimento à manifestação proposta por V. Ex.a

Associo-me também ao projecto apresentado pele Sr. Manuel José da Sàva.

Não há nada de exagero nesta manifestação; honra-se o Parlamento na manifestação que presta àquele homem, cuja palavra foi, a certa altura da vida social portuguesa, a síntese de toda a aspiração popular.

Vozes:—Muito bem. O orador não reviu.

O Sr. Carlos Olavo: — Sr. Presidente: cabe-me a honra de, em nome dos Deputados do Partido Eeconstituinte, associar-me às homenagens que acabam de ser propostas pela morte do grande tribuno, que foi honra e lustre do Parlamento Português, Sr. Alexandre Braga.

Não me importa saber, neste momento, em que partido ou facção ele militava, porque não há preocupações partidárias

nem dissentimentos transitórios que possam obscurecer a homenagem que é devida ao patriota ardente e ao republicano indefectível que ele sempre foi.

Sr. Presidente: eu só sei que os homens da minha geração têm o dever de se curvar diante do cadáver daquele em cuja palavra inegualável foram colher as mais puras inspirações da sua fé e os mais inflexíveis ensinamentos da sua conduta.

Só sei que todos os republicanos têm a obrigação de se juntar no mesmo preito emocionado diante da memória do homem a quem a República deve os mais assinalados serviços, desde os tempos agitados da sua propaganda ato as horas, que. têm sido difíceis, da execução dos seus princípios.

Só sei que todos os portugueses, sem distinção de partidos e sem quaisquer ressentimentos que possam resultar de retaliações passadas, têm o dever de cooperar na homenagem a prestar à memória dum homem que foi uma das mais lídimas glórias do nosso foro e uma das mais altas figuras do Parlamento nacional.

O Sr. Dr. Alexandre Braga — pode dizer-se afoitamente — ó uma glória na-cinal, porque foi o maior orador dos nossos tempos.

Outros grandes oradores houve e há ainda, sem dúvida, nesta terra de oradores, mas nenhum o igualou ainda na ma-gestosa exuberância das suas imagens, nas helénicas perfeições da sua forma, na estranha sedução da sua voz e, sobretudo, na suprema inspiração que só podia vir dum grande ideal que vivesse e palpitasse num grande coração de poeta.

Nunca as aspirações da Pátria, aquelas que representam o vivo anseio da realização dos princípios que constituem a ideal democracia, encontraram palavra que melhore traduzisse as suas belezas.

Nunca o sentimento português, aquele que é feito do amor das suas glórias e do desejo de as conservar e perpetuar, encontrou palavra que melhor exprimisse a sua grandeza e a sua generosidade.

Nunca a alma do povo, daquele que 'tem sabido bater-se e sacrificar-se pela República, encontrou palavra que melhor representasse as suas ansiedades e as suas esperanças.