O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 8, li, Í2 e 13 de Abril de 1921

agora, Sr. Presidente, traduzir o entusiasmo, a fremência quási louca com que nele admirámos o Eleito que, com toda a sua alma e o seu talento, até nós vinha, aureolado já do prestígio dos grandes nomes que herdava, o de seu pai, o grande orador e grande advogado que ao filho transmitira não só o próprio talento como ainda o próprio nome, e o de seu tio, o grande poeta Guilherme Braga, o poeta das Heras e Violetas, o autor do Bispo, dos falsos Apóstolos e dos Ecos de Al-jubarrota, cujas estrofes aqueciam ao rubro as nossas almas, quando nós éramos moços, e que ardentemente recitávamos como gritos de guerra, em prol da Liberdade que tanto então víamos ameaçada...

Conheceste-lo todos vós, Srs. Deputados, que me ouvis, em toda a pujança e em iodo o esplendor da sua grande e bela oratória tribunícia e parlamentar. Mas eu que o vi surgir na sua aurora para as grandes lutas de mais tardo, eu, seu conterrâneo, que fui seu companheiro de mocidade e seu amigo fui, não posso deixar de prestar a mais comovida homenagem neste momento a essa bela e querida memória daquele a quem1 nós tanto admirámos e cuja perda, se dolorosa para nós, para mim muito especialmente o foi, pelas razões que estive a expender.

Tenho dito.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e, interino, da Agricultura

(Bernardino Machado) — Sr. Presidente : tenho a honra de apresentar aos representantes da Nação os pêsames do Sr. Presidente da Eepública e do Governo pela morte de Alexandre Braga.

Todos conheceram, todos admiraram a grande eloquência de Alexandre Braga, mas, talvez, nem todos se recordem daquela época em que, frente a frente, tivemos de arcar com os nossos inimigos.

A recordação desses tempos é para todos os que foram seus companheiros verdadeiramente imorredoura.

Na imprensa, no foro, nos comícios, no Parlamento, Alexandre Braga foi sempre grande, tendo sido mesmo um incomparável criador da Repábiica. (Apoiados).

Nós não tínhamos ainda nesse tempo um parlamento republicano, e contudo tal era o prestígio, prestígio histórico, da li-

berdade entre nós> que bem se podia afirmar que a Nação se encontrava representada exclusivamente pelos Deputados republicanos. (Apoiados).

Entre eles conta-se Alexandre Braga.

Um dia eu entrava nesta Câmara; o silêncio que reinava em todos os corredores era impressionante.

Quando me aproximei desta sala, a porta estava entreaberta, e um homem de grande categoria entro os monárquicos, director geral da Secretaria da Câmara dos Deputados, avistando-me,- correu para mim exclamando — venha ouvir Alexandre Braga!

Entrei; nesta sala estavam todos presos, arrebatados pela eloquência daquele grande tribuno.

l Foi assim que se fez a República!

i Foi assim que ele a fez!

Foi com -ele que sonhámos todas as vitórias.

Sonhámos as do nosso país e aquelas que, como esta .agora, estamos soleni-zando.

Sr. Presidente: a apoteose que se faz aos nossos mortos, que todo o . mundo hoje faz aos mortos desconhecidos de Portugal, é a apoteose da nossa democracia.

É preciso não esquecer jamais que um dos agentes mais activos do exército da nossa democracia foi Alexandre Braga. (Apoiados],

Tenho a honra de, em nome do Governo, me associar à proposta que foi aqui apresentada por um Br. Deputado para ser considerado oficial o funeral de Alexandre Braga.

Espero que o Parlamento tome a iniciativa, com ò que se honrará, de velar pela família de Alexandre Braga. (Apoiados).

Associo-me, pois,~ às propostas que têm sido apresentadas. Tenho dito*

O discurso será publicado na integra^ revisto pelo orador, quando forem devolvidas as notas taquigrâfieas.