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í)iário âa Câmara dos Deputados

ta, e na da colectividade como legislador ou humanitarista, soube pôr todo o vigor da sua organização e da sua mentalidade que é bom nesta hora triste, em que dele sentidamente nos despedimos, não só reconhecer, mas sobretudo pública e sinceramente compreender e imitar.

Senhores: está de luto a oratória nacional; desapareceu nos mistérios da morte e para sempre a voz feiticeira e maravilhosa que neste e noutros ambientes tantas vezes vibrou em rajadas de idealismo e de amor patriótico.

Que vossos corações saibam sentir a enorme dor de ver que a República acaba de perder uma das suas figuras mais representativas, um dos seus mais esforçados combatentes, tendo fó em que todos os portugueses saberão, como nós ora o faremos, através esta homenagem de saudade, curvar-se respeitosos ante o cadáver que passa e que é o dum homem que foi um dos ornamentos mais gloriosos da sua terra estremecida.

Vozes: — Muito bem- Muito bem!

O Sr. António Granjo : — Falo em nome do Partido Republicano Liberal, associando-me ao voto que V. Ex.a propôs.

Alexandre Braga é a mais alta e complexa figura dos oradores do ineu tempo; e, porventura, a mais alta e complexa que produziu a raça. (Apoiados^.

Quer como tribuno parlamentar, quer como tribuno popular, atingiu as mais altas culminâncias a que pode ascender o espírito.

Ele foi, efectivamente, quem pela sua voz deu impulso à revolução desde os primeiros dias de Coimbra até àquele comício do Porto, em que no seu discurso disse:

«j Chegou a hora de falarem as bocas das espingardas!»

As suas palavras proféticas tiveram confirmação em poucos dias. A República implantou-se em Portugal.

A esta alta figura devia o Parlamento consagrar uma «essão especial de homenagem-.

Limito-me a dedicar a Alexandre Braga breves palavras, porque as suas grandes qualidades não podem ter o exame rápido que o momento impõe. Talvez

Guerra Junqueiro, com aquele poder de síntese que ele tem, pudesse encontrar uma palavra que definisse essa gigantesca figura.

Limito-me a deixar cair sobre esse cadáver as minhas singelas palavras que são como um pouco de terra na sua sepultura.

O orador não reviu.

O Sr. Manuel José da Silva (Porto): — Em nome do Partido Socialista, associo-me ao voto de sentimento proposto, pelo falecimento do Sr. Alexandre Braga, e às propostas que estão na Mesa.

O Sr. Eduardo Sousa: — Sr. Presidente: é não só em nome dos Parlamentares Independentes, que têm assento nesta Câmara, mas ainda, e muito especialmente, em meu nome pessoal, que me associo ao voto de pesar, por V. Ex.a proposto, pelo falecimento do grande tribuno e grande orador parlamentar, Sr. Dr. Alexandre Braga. Não tivemos nós a honra e a satisfação de o vermos sentado a nosso lado nesta legislatura que vai decorrendo, mas isso não impede que, com maior saudade ainda, deploremos v a perda prematura e dolorosa de quem foi uma das mais altas personalidades oratórias que fizeram ecoar a sua eloquente voz nos âmbitos desta sala. Na sua formosa palavra, tam impregnada de aticismo, palpitou, porém, sempre a alma apaixonada e vibrante de quem foi um dos mais ardentes paladinos e propagandistas dessa revolução que trouxe a Portugal o advento da Repúolica.