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Diário da Câmara dos Deputados

Braga morreu no momento em que a Nação portuguesa prestava aos Soldados Desconhecidos, mortos pela Pátria, a sua homenagem de admiração e reconhecimento.

Ninguém mais do que o Sr. Dr. Alexandre Braga, com todo o poder da sua eloquência, pugnou pela necessidade imperiosa da comparticipação de Portugal na guerra.

Ninguém melhor do que ele podia representar junto ao túmulo daqueles heróis obscuros a grande emoção da Pátria nas justas proporções da sua gratidão e da sua ternura.

A Nação portuguesa não o esquece e o Parlamento, que a representa, aprovando, não só o voto de sentimento, mas ainda as homenagens que constam do projecto de lei do Sr. Manuel José da Silva, exprimirá desta maneira, duma forma eloquente, a mágoa profunda, sincera e inesquecível que lhe causou a morte daquele grande cidadão.

O Sr. Vasco Borges: — Sr. Presidente : em nome do Grupo Eepublicano Dissidente associo-me à proposta de V. Ex.a

A morte do Sr. Alexandre Braga veste de luto a Pátria e a República: a Pátria pelo falecimento de um dos seus filhos que mais ilustrou a mentalidade da raça, a República, porque vê desaparecer um dos seus apóstolos máximos, paladino de sempre dos ideais da liberdade, que por ela sofreu, extremamente a amou e dedicadamente serviu, parecendo até que arrastou a sua agonia para só fechar os olhos quando erguiam a República numa apoteose o velho e novo mundo.

Não cabe fazer em algumas palavras, forçosamente reduzidas e falhas de expressão, a crítica e o comentário do que foi, como cerebração, e do que como ce-bração produziu o Sr. Alexandre Braga, não se me tornando sequer possível traçar o perfil mental e político do que ele foi como parlamentar igual aos maiores, como causídico, a quem a liberdade de tantos deveu auxílio, alento e redenção, como tribuno, emfim, que tantas vezes inflamou de cólera ou de fé aqueles que o ouviam.

Para tanto inclusivamente me faltariam competência e qualidades.

De resto, o vivo sentimento

e de dor que primeiro a notícia da sua doença, e agora a da sua morte produziram, comunga-o intensamente a alma rude, mas sincera do povo. -

Todos os que constituem a mentalidade portuguesa, e até o pesar dos seus próprios adversários políticos, melhor diz do que eu poderia fazê-lo o desgosto que tani triste acontecimento caisa a todos nós.

E que, com a morte de Alexandre Braga, não foi apenas a sua palavra que emudeceu, palavra que tanto enobreceu a tribuna parlamentar, e que tam grande e magestoso fulgor deu ao pretório dos tribunais ; deixou também de pulsar o coração que foi forte e inamovível de bondade, tesouro inesgotável de vi içados afectos e amplas generosidades.

Sr. Presidente: a morte da Alexandre Braga veste de luto a Pátria e a República.

Mas maior é a falta que ele faz à República do que à própria Pátria.

O maravilhoso e admirável florão que ele foi da mentalidade portuguesa, registá-lo há a história dessa mesma mentalidade, de modo qrie subsistindo para a história, conjuntamente subsistirá para a glória da Pátria.

A República, essa é que não mais poderá servi-la, o esforço, a palavra admirável, a dedicação de Alexandre Braga, razão maior para que o seu luto seja mais pesado e rigoroso.

Para todo o sempre a memória de Alexandre Braga perdurará, corao exemplo, estímulo e alento para a fé e para o sacrifício de todos os republicanos, refulgindo na história da Pátria e da República como uma mentalidade de ouro, aureolando um coração diamantino.

Tenho dito.

O Sr. Orlando Marcai: — Sr. Presidente : não pode o Partido Republicano Popular, que delegou em mim o encargo de tain alta responsabilidade, deixar de se curvar dolorido e respeitoso, cheio de mágoa e de saudade, ante o cadáver do gigante da oratória lusitana da actualidade que a morte acaba de arrebatar para as trevas do sepulcro.